“Não podemos olhar para o PRR como se fosse a última oportunidade. Não é a última oportunidade. Ele tem um contexto muito especial e tem regras muito especiais, mas garanto que não deixa nem os autarcas nem o interior de fora”, afirmou Ana Abrunhosa, na Guarda.
A governante discursava na cerimónia de entrega simbólica de 15 unidades móveis de saúde aos municípios da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIM-BSE), após o presidente daquela entidade, Luís Tadeu, ter abordado o assunto.
O autarca referiu que o PRR “poderia e pode ser, se os homens e as mulheres assim o quiserem, um instrumento fundamental para afirmar” os compromissos “que o Estado pode e deve ter” com as populações e com o território.
“Infelizmente de tudo aquilo que analisámos no referido documento, não vislumbrámos essa abertura para as nossas legítimas expectativas em relação às necessidades deste território”, lamentou.
Após a intervenção do autarca, a ministra da Coesão Territorial considerou que o documento “não é a última oportunidade”.
“Mas temos que olhar para o PRR, temos que olhar para o Portugal 2020 que ainda temos em execução e temos que olhar para o próximo Quadro Comunitário PT 2030, que tem como objetivo a coesão”, acrescentou.
Ana Abrunhosa disse também aos autarcas presentes que “não são as estradas, não é o betão que faz o desenvolvimento. As estradas, o betão, são um meio para o desenvolvimento dos nossos territórios”.
Explicou, ainda, que nos programas operacionais regionais estão atualmente em execução projetos que perfazem 550 milhões de euros de investimento e no interior são 250 milhões de euros.
“Também no PRR nós temos identificados já projetos e beneficiários do interior que perfazem dois mil milhões de euros, mas há muitas áreas no PRR que não têm identificado o território, que não têm identificado o beneficiário”, disse, indicando áreas transversais para todo o país, como a saúde e a habitação.
Ana Abrunhosa também referiu que “o PRR ganha-se na execução, no terreno”.
O PRR “será tanto mais do interior quanto mais os atores, os autarcas, as empresas, as CCDR (comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional), as ARS (administrações regionais de Saúde), todas as entidades, souberem mobilizar projetos para os executar”, apontou.
“Nós vamos territorializar o PRR e contamos com os autarcas, mais uma vez, na linha da frente”, disse.
No final da sessão, em declarações aos jornalistas, Ana Abrunhosa disse que compreende as preocupações dos autarcas mas não aceita muitas das críticas.
“Eu não aceito que um autarca do interior defenda o interior contra o litoral. (…) Eu acho que a discussão séria do PRR se faz pensando o território de forma integrada e colocando as pessoas no centro das preocupações”, justificou.
A CIM-BSE entregou hoje as chaves de 15 viaturas aos presidentes dos seus 15 municípios, no decorrer de uma cerimónia realizada no Grande Auditório do Teatro Municipal da Guarda, onde também estiveram o secretário de Estado Adjunto da Saúde, António Lacerda Sales, e o secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Paulo Rebelo (enquanto coordenador regional de combate ao coronavírus na zona Centro).