Município da Guarda espera que mudança da sede do Geopark Estrela dinamize o território

O presidente da Câmara da Guarda, Sérgio Costa, disse esta segunda-feira esperar que a mudança da sede da Associação Geopark Estrela daquela cidade para Manteigas, como foi decidido em Assembleia Geral, possa trazer “dinâmicas” para promoção do território.

A Associação Geopark Estrela tem sede no Instituto Politécnico da Guarda (IPG) e é composta por nove municípios dos distritos da Guarda, Castelo Branco e Coimbra (Belmonte, Celorico da Beira, Covilhã, Fornos de Algodres, Gouveia, Guarda, Manteigas, Oliveira do Hospital e Seia), pelo IPG e pela Universidade da Beira Interior.

“O IPG foi, efetivamente, o embrião, foi uma excelente incubadora para esta associação, mas o entendimento da Assembleia Geral (…), por maioria, foi no sentido de colocar a sede do Geopark no centro do Geopark e, quer se queira quer não, o centro do Geopark é Manteigas”, disse hoje Sérgio Costa aos jornalistas no final da reunião quinzenal do executivo onde o assunto foi abordado.

O autarca referiu que os municípios abrangidos pela associação pagam 25 mil euros por ano e disse desejar que esse valor, “ou serve efetivamente para a promoção” dos territórios e para a salvaguarda do património geológico, ou, então, será necessário “mudar a figura do Geopark Estrela”.

“E é isso que deve acontecer. Muito mais do que [a localização] de qualquer sede. Nós até podemos ter uma sede de uma qualquer instituição no sítio mais recôndito do país. O importante é que os nossos territórios sejam cada vez mais valorizados”, justificou.

Na opinião de Sérgio Costa [Movimento Pela Guarda], o Geopark “tem de servir muito mais para além das quotas que os municípios pagam”.

Com a mudança da sede, disse que os municípios esperam “que o Geopark ganhe dinâmicas, efetivamente, de promoção” do território.

“É isso que se pretende, muito para além, claro está, da manutenção da meia dúzia de postos de trabalho. É muito mais do que isso”, sublinhou.

A Assembleia Geral da Associação Geopark Estrela reuniu na sexta-feira e, segundo o autarca, decidiu por maioria transferir a sede da Guarda para a vila de Manteigas.

Sérgio Costa referiu que a Câmara da Guarda se absteve na votação, tal como o IPG, porque nunca poderia “votar a favor da saída de qualquer instituição, seja ela qual for, da Guarda”.

Segundo o responsável, a sede do Geopark deverá mudar para a Manteigas “no prazo de 60 dias”.

O vereador do PSD, Carlos Chaves Monteiro, discordou da decisão tomada, por considerar que o Geopark Estrela “é uma marca reconhecida e certificada pela UNESCO” e “valoriza os territórios da Serra da Estrela”.

Referiu que recebeu a decisão “com muita tristeza”, por o IPG ser “o motor do projeto do Geopark” e reconhecer que deveria continuar a acolher a sede da associação.

“Não há uma mais-valia com a mudança de sede. A sede é um eixo estratégico dos pensadores deste projeto e do IPG, que é um local de onde nunca deveria ter saído”, fundamentou.

Por sua vez, Luís Couto, vereador do PS, disse que foi surpreendido com a decisão, embora tenha admitido que “nem tudo tem que ficar concentrado na cidade da Guarda”.

O socialista felicitou o município de Manteigas e anotou “que não há uma razão específica muito clara para se mexer na sede do Geopark”.

No dia 10 de julho de 2020, a Organização para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) distinguiu o território da Serra da Estrela como Geopark Mundial, tornando-a no quinto Geopark português e num dos 169 territórios classificados em todo o mundo.


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