Turismo Centro desvaloriza reivindicação de entidade independente para a Serra da Estrela

Pedro Machado defendeu que é preciso reforçar a coesão territorial e unir esforços para poder ter algum poder reivindicativo junto da Administração Central.

O presidente do Turismo do Centro, Pedro Machado, desvalorizou a reivindicação apresentada por alguns autarcas e entidades da região da Serra da Estrela relativa à criação de uma entidade autónoma para a gestão turística daquela marca, na passada sexta-feira.
“Acho que a discussão concentrada na [questão] da descentralização ou da organização administrativa da Serra da Estrela, do meu ponto de vista, é um problema absolutamente supérfluo”, afirmou.
Pedro Machado falava durante o debate de sexta-feira organizado pela Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIM-BSE) com o objetivo de analisar a problemática dos acessos à Torre e no qual se analisaram várias das outras problemáticas relacionadas com a Serra da Estrela.
O turismo foi um dos aspetos evidenciados, com alguns dos presentes a considerarem que o facto de não existir uma estrutura independente e exclusivamente dedicada à marca da Serra da Estrela é prejudicial.
“Se é verdade que durante a sazonalidade da neve precisamos de uma alternativa de mobilidade entre o exterior e o maciço central, não menos certo é que a promoção da forte e distintiva marca Serra da Estrela não pode ver-se diluída na muito díspar e vasta Turismo do Centro”, referiu o presidente da Câmara da Covilhã, Vítor Pereira.
Para o autarca, “quem está mais perto e quem sente o pulsar da região” é que deve defendê-la.
“Havia aqui uma região de turismo, podia ser reles, mas dava imagem porque se chamava Região de Turismo da Serra da Estrela”, referiu o presidente da Câmara Municipal de Manteigas, José Manuel Biscaia, defendendo a aposta na marca própria sob pena de a mesma desaparecer.
Uma opinião que, todavia, não reúne total consenso, designadamente entre os próprios autarcas.
O presidente da Câmara Municipal de Seia, Filipe Camelo, assumiu que defende a aposta na defesa da marca Serra da Estrela, mas com uma solução administrativa agregadora e com escala.
Já o presidente da Câmara da Guarda, Álvaro Amaro, referiu que “há 30 ou 40 anos que se anda a falar na marca Serra da Estrela” e que é “preciso mudar o discurso”.
O autarca da Guarda sublinhou que em termos turísticos importa adotar uma estratégia que leve os que visitam a Serra da Estrela (nove em cada 10) a regressarem.
Por seu turno, o presidente do Turismo do Centro começou por referir que a premissa mais importante não é a da organização, mas sim a da análise dos resultados, que indicam que o turismo nesta região tem estado a crescer.
No que se refere ao modelo organizativo, disse que respeita a diferença, mas considerou que já passou o tempo em que o ‘orgulhosamente só’ fez escola.
“Não acredito que a Serra da Estrela, hoje, no conjunto da oferta Portugal Nacional (…), ganhe se se isolar”, apontou.
Lembrando que a região Centro representa apenas 9,2% do fluxo turístico nacional e que há regiões que representam muito mais, Pedro Machado defendeu que é preciso reforçar a coesão territorial e unir esforços para poder ter algum poder reivindicativo junto da Administração Central.
Noutro plano, este responsável partilha das ideias também muito defendidas durante o debate de que a Serra da Estrela é mais do que neve e inverno e de que há muito para visitar para além da Torre.
Para Pedro Machado, não há dúvida de que a aposta na oferta do turismo de natureza e turismo desportivo ajudará a aumentar a procura da Serra da Estrela que, segundo disse, é vista pelo Turismo de Centro como a marca mais importante em termos de turismo de natureza na região Centro.


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