Em declarações à agência Lusa, o presidente da Fundação Côa Parque (FCP), Bruno Navarro, disse que se vai aproveitar o programa de flexibilidade curricular que permite aos agrupamentos e escolas conteúdos próprios destinados à formação dos alunos.
A proposta de criação da disciplina “O nosso património” visa criar “uma oferta complementar de escolaridade que se prende com a necessidade da disseminação do conhecimento do património histórico, cultural e natural do território, estimulando a consciência identitária das comunidades residentes, nomeadamente nas crianças e jovens que habitam neste território”, explicou o responsável.
O projeto vai abranger os concelhos de Vila Nova de Foz Côa, Figueira de Castelo Rodrigo, Mêda e Pinhel (Guarda). A FCP vai igualmente estabelecer contactos com o Agrupamento de Escolas de Torre e Moncorvo, no distrito de Bragança, para entrar neste projeto educativo.
“A FCP é uma entidade que está no território e tem a seu cargo a gestão de áreas classificadas como Patrocínio Mundial da Humanidades, como é Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC), achámos que tínhamos de criar uma disciplina ligada ao património deste território”, vincou Bruno Navarro.
A ideia passa por colocar em contacto os alunos de cinco concelhos com o património cultural e natural, a começar pelo património classificado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
“Pretende-se, portanto, instigar nos alunos, desde tenra idade, o espírito de pertença e incutir a responsabilidade da salvaguarda, preservação e valorização de todo o património territorial que é o seu legado histórico e desta forma contribuir para a coesão territorial e reforço da cidadania”, enfatizou.
Bruno Navarro defende que “ninguém defende o que não conhece”, as aprendizagens essenciais da disciplina “O nosso património”, visam possibilitar a realização de capacidades globalizantes e significativas, com o objetivo de adquirir conhecimento do património histórico, cultural e natural do território do Vale do Côa, “para que assim, os alunos, possam ser no presente e no futuro, fulcrais defensores e embaixadores desta herança irrefutavelmente valiosa”.
Este projeto defende que é fundamental que a comunidades escolar compreenda o papel que o património regional tem, no que respeita às características físicas e humanas e a evolução histórico-cultural e ambiental do território do Côa, promovendo a inclusão, o respeito pela diversidade, a cooperação, a valorização dos direitos humanos e a sensibilização para a finitude dos recursos do nosso planeta.
“Esta nova disciplina evidencia, ainda, a necessidade de saber gerir o território e os recursos de que dispomos, incluindo os patrimoniais, a diferentes escalas”, está inscrito no documento que rege os parâmetros ser em conta na implantação do projeto educativo e ao qual a Lusa teve acesso.
Por outro lado, e na opinião dos investigadores o Vale do Côa tem-se revelado um território de investigação por excelência, onde se inscreve e é possível ler, numa fita do tempo “quase contínua”, e que passa pela relação do Homem com o Meio desde o Paleolítico [30.000 anos] até à contemporaneidade.
Um dos objetivos iniciais do programa, passa por interpretar a história passada e o contexto atual do PAVC na perspetiva de um futuro que assegure o reconhecimento, salvaguarda e divulgação do património material e imaterial que lhe está afeto e favoreça o envolvimento e a participação local, requer uma fundamentação rigorosa, procedente de múltiplas áreas do saber.
A criação da disciplina “O nosso património” vem ao encontro dos princípios, valores, metas e estratégias que estão assentes no Projeto educativo dos agrupamentos de escolas, impulsionando um complemento à promoção e ao desenvolvimento de um serviço educativo de qualidade, contribuindo para a preparação dos alunos para os desafios do futuro, envolvendo o desenvolvimento.
O PAVC a foi criado em agosto de 1996. A Arte do Côa foi classificada como Monumento Nacional em 1997 e, em 1998, como Património da Humanidade pela UNESCO.