Como chegar
Do sul e de Lisboa a A23 faz a ligação à Guarda. Nesta cidade tomar a A25 e sair em direção a Nelas. A alternativa menos distante é no entanto tomar a A1 até Coimbra e seguir pela IP3 até à saída para a IC6-N17, direção Oliveira do Hospital. Tomar então a direção de Coimbra pela N17 até Catraia de S. Paio e virar para a cidade de Oliveira do Hospital.
Do norte se chega pela A25 até Mangualde e aí se toma a EN234 em direção a Nelas (não deixe de visitar o Parque Ecológico da Quinta da Cerca), tomando depois a direção da Serra da Estrela, pela EN231 via Seia ou continuando pela EN234 e depois EN230 diretamente a Oliveira do Hospital.
Os grande quadros paisagísticos – Percurso recomendado
Oliveira do Hospital (EM) – Bobadela (EM) – Nogueira do Cravo (EM) – Galizes (N17) – Lourosa (EM) – Galizes (EM) – Avô (N230) – Ponte das 3 Entradas (N230) – Aldeia das Dez (EM) – Vale de Maceira (EM) – Colcorinho (TT)(EM) – (retorno à Ponte das 3 Entradas) ou – Piódão (EM) – Chãs d’Égua (EM) – Vide (N230) – Alvoco das Várzeas (EM514) – S. Gião (EM514) – Oliveira do Hospital (N17).
Património de Oliveira do Hospital
O nome «do Hospital» resulta da atribuição de uma Comenda à Ordem dos Monges de S. João de Jerusalém, Ordem dos Hospitalários.
Foi no ano de 1120, que a rainha Dª Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, fez a doação aos cavaleiros da referida Ordem.
O Jardim Municipal é o fulcro de uma visita pelos principais monumentos da cidade. Logo em frente ergue-se a igreja paroquial, dedicada à Santa Cruz. Construção românico-gótica conserva nos seus tetos pinturas de temática religiosa. A magnífica Capela dos Ferreiros, adossada ao flanco do Evangelho, entre a de São Brás e a Torre, está classificada como Monumento Nacional. Possui esculturas de estátuas jacentes, esculpidas em pedra de Ançã, do século XIV. Ambas as arcas assentam em leões de duas épocas e representam as estátuas fúnebres de Domingos Joannes e Domingas de Sabaché, encimadas pela escultura original do Cavaleiro de Oliveira. No Adro da Igreja encontra-se uma monumental Tília, Tília tomentosa com mais de 25 metros de altura e 4 metros de diâmetro, classificada de Interesse Público.
Em frente, ergue-se um pelourinho Manuelino do século XVII, do tipo «mesa».
No outro extremo do Jardim Municipal está a Capela de Sant’Ana, de traça oitocentista.
Nas traseiras do Palácio da Justiça a Casa Museu Dona Maria Emília Vasconcelos Cabral Metello, com belíssimos jardins interiores. Daqui se parte para Gramaços (a 1 km), povoação que remonta à fundação da nacionalidade.
Como epicentro do lazer urbano o Parque do Mandanelho e a Casa da Cultura.
Rio e montanha, monumentos megalíticos e solares, marcam a paisagem.
Saindo de Oliveira do Hospital a caminho de Bobadela, no cruzamento de Pinheiro dos Abraços existe uma anta do período Neolítico. A Bobadela medieval teve foral do Rei D. Afonso III e de D. Manuel. Os romanos, que aqui estiveram entre os séculos I – IV d.C., chamaram-lhe splendidissimae civitati, gravada numa pedra da igreja paroquial reformada no século XVIII (1746) e dedicada a Nossa Senhora da Graça. No seu adro um pelourinho, do século XVI, manuelino e um notável Arco Romano, tido como a entrada para o Fórum. O Anfiteatro da Bobadela data da segunda metade do século I/II e é o único visitável na arqueologia romana de Portugal. À esquerda do anfiteatro encontra-se uma fonte romana e em frente a Casa dos Godinhos, atual Museu Municipal Dr. António Simões Saraiva. Completam o património da romanização a ponte “romana” de Bobadela, uma construção datada do século I d.C.. Da Bobadela seguese para Nogueira do Cravo, que foi vila senhorial dos bispos de Coimbra. A igreja paroquial, orago de Nossa Senhora da Expetação é uma reedificação do princípio do século XIX, MDCCCV. O pelourinho separa Cimo e Fundo de Vila. É do século XVII, manuelino, do tipo “mesa”. No património da localidade destacam-se ainda a casa da família Tinoco de 1743, casa tradicional beirã em granito, e ainda a Casa do Penedo, notável pela sua localização no cimo de um penedo de reduzidas dimensões. Diz a lenda que foi construída pelos mouros numa só noite e que no interior do penedo está guardado um tesouro.
Os seus pedreiros criaram um dialeto – ”Os Verbos dos Arguinas” – que permitia o diálogo entre os trabalhadores sem que o patrão entendesse o que eles diziam, gíria que chegou a Santa Ovaia.
Antes de prosseguir viagem para Galizes, pode-se visitar o miradouro do Senhor das Almas.
Chegados a Galizes e à N17, encontra-se o desvio para Lourosa. É uma localidade muito antiga, anterior à Reconquista Cristã. A igreja paroquial, de traça moçárabe, é um peça de arquitetura única no património nacional, classificada como monumento nacional e está integrada numa das Rotas Temáticas europeias, a Rota da Moura Encantada. A Igreja Moçárabe de Lourosa, na Rota Europeia da Moura Encantada). Algumas capelas e casas nobres como a Casa da Família Carvalhais, século XVIII e que se levanta junto ao pelourinho manuelino do século XVI, completam o património arquitetónico.
De regresso à Estrada da Beira, a N17, percorrem-se alguns kilómetros para Leste e atinge-se o cruzamento para Avô, EN230, onde se vira à direita, encontrando logo a seguir Vila Pouca da Beira, antigo município e a terra de Genoveva do Espírito Santo, que nasceu e viveu entre os séculos XVIII-XIX, uma pastora pobre e analfabeta que ficou na história como fundadora do Convento do Desagravo do Santíssimo Sacramento. O convento foi transformado numa das modernas Pousadas de Portugal. Vila Pouca da Beira conserva as suas casas e cruzes de granito, a cor e os aromas dos pomares. Aqui se chega, também por Santa Ovaia a partir da EN17. O seu povoamento remontará ao século XII.
Prosseguindo pela N230 e antes de chegar a Avô, encontra-se um magnífico miradouro denominado «Varandas de Avô», batizado pela rainha D. Amélia, com vista sobre o Vale do Rio Alva e sobre a vila de Avô, que evoca o poeta/guerreiro Brás Garcia de Mascaranhas, autor do poema épico Viriato Trágico. A vegetação ripícola – freixos, amieiros e salgueiros, bordeja as margens e, nos seus meandros, ainda se encontram férteis hortas e antigos engenhos.
Mais adiante, num cruzamento com a EN230 vira-se à direita para Avô, antiquíssimo couto mineiro dos romanos que pesquisavam minérios de chumbo e ouro e ali terão erguido o primitivo castelo. À sua volta construíu-se o primeiro aglomerado populacional. A igreja matriz tem como orago Nª Srª da Assunção, remontando ao século XII, mas a construção atual é do século XVIII, 1764. A ermida ou capela de S. Miguel data do século XVI-XVII, como atesta o belo portão ogival. O castelo foi mandado arrasar por D. Sancho I devido a divergências entre o Rei e o Bispo de Coimbra. Hoje apenas conserva, restaurados, um pequeno pano de muralha e a portada ogival. O pelourinho, do século XVI, manuelino, é do tipo de “pinha”. Possui outros edifícios notáveis: a Casa da Câmara, medieval, e a Casa Brás Garcia de Mascarenhas, do século XVI, ostentando ainda soberbas janelas manuelinas.
Na Ilha do Picoto, está a praia fluvial. Dela se avista a ponte sobre o Rio Alva, cuja construção se atribui ao rei D. Dinis, de um só arco e a ponte sobre a Ribeira de Pomares, de três arcos.
Regressando à EN230, alcança-se pouco depois a singular Ponte da Três Entradas, onde a Ribeira de Alvoco desagua no rio Alva e, pode desfrutar do Parque de Campismo, praia, pesca e passeio de barco. Uma das entradas dá acesso à prolongada subida para Aldeia das Dez, aí se descobrindo novas e monumentais panorâmicas. O povoamento castrejo de Aldeia das Dez remonta à época pré-romana. Nas encostas, destacam-se pequenos soutos de castanheiros e bosquetes de carvalhos, que regressam aos seus habitats depois da intrusão dos pinheiros e eucaliptos e da investida dos incêndios estivais. No outono, aqui se realiza a Feira da Castanha.
Mais acima, Vale de Maceira, é também um deslumbramento para a vista. Ali avulta o santuário setecentista de Nossa Senhora das Preces, com igreja e Via Sacra de onze capelas com esculturas de madeira do século XIX, fontes e lagos e uma escadaria monumental de estilo barroco. Mais acima, surge a capela de Santa Eufémia. Continuando a subir, uma estrada íngreme e mais acessível aos veículos TT conduz-nos à capelinha branca da Senhora das Necessidades, no cume do Colcorinho: Aqui a montanha atinge o sublime: grandeza e desolação, um mar de serras despidas de vegetação e medonhos precipícios que infundem respeito. As aldeias brancas parecem rebanhos de casas, aconchegadas contra o frio e o vento agreste, como descreve Miguel Torga. Vê-se Loriga e as encostas Sul da Estrela, todo o território que vai até às Serras do Caramulo, Montemuro e Buçaco, mas também a Serra do Açor e os vales profundos do Piódão e Pomares, um mundo telúrico de granitos e xistos que remontam ao Pré-Câmbrico (+de 550 Ma) moldados pelos movimentos hercínicos (360-250 Ma). É altura de regressar, pelo mesmo caminho, à Ponte das Três Entradas. Ou seguir adiante, em direção à aldeia histórica do Piódão, um presépio na montanha de xisto e, descendo depois a Serra do Açor por Chãs d’Égua e a Vide, onde se podem visitar os Centros de Interpretação das Gravuras Rupestres, para depois retomar o percurso pela EN230.
O que impressiona, nestes caminhos de montanha, é o esforço do homem para agricultar e pastorear um chão de pedra. Junto das aldeias e das ribeiras de montanha, jardins de socalcos, prados de montanha, renovados monumentos ao trabalho do homem.
De volta à EN230 e rumando de Vide na direção da Ponte das três entradas, chega-se a Alvôco das Várzeas, povoação notável pela sua antiguidade e povoamento romano. A Levada, constitui um sistema de irrigação comunitária, talvez o maior da região (7 km) e que provavelmente remonta à época romano/árabe. A sua ponte medieval, conhecida como “ponte romana”, é Monumento Nacional, datando provavelmente do século XIV. Junto da ponte existe uma praia fluvial e parque merendeiro, na zona ribeirinha da Ribeira de Alvôco, um curso de água sem vestígios de poluição, arborizado e devidamente infraestruturado. Conta o lendário popular que nas Alminhas do Terreirinho, situadas à saída da povoação, na estrada de Alvòco das Várzeas para a Carvalha se reúnem as bruxas. Ao longo das margens da Ribeira de Alvôco sucedem-se os moinhos.
Nesta povoação, vira-se para S. Gião (visitar o seu património já descrito no Circuito II).
De S. Gião parte-se para a Catraia de S. Paio e daí se atinge de novo a N17 e Oliveira do Hospital.