Hélder Gomes, de 53 anos, motorista de ambulância nos Bombeiros Voluntários de Almeida, converte pneus de carros usados em cadeirões, cestas e esculturas de cisnes e de araras.
Começou a reciclar pneus há cerca de um ano e nunca mais parou. Contou à agência Lusa que já produziu “mais de uma centena” de peças que decoram as habitações de amigos e de familiares que vivem na região de Almeida e também em França.
“Já tenho [obras] por muitas terras. As pessoas gostam e levam. Uma vez ofereci dois cisnes que foram para França”, disse.
O artesão refere que dar nova utilidade a pneus usados “é uma forma de ocupar o tempo”.
Em média, na transformação de um pneu em cisne, desde a escolha da unidade que vai usar até à fase final da pintura, demora “à volta de três horas e tal, quatro”.
Nos cisnes, “é só [fazer o] corte” do pneu, “fica lá tudo”, conta o artesão, explicando que apenas aplica “o ferro [que segura o pescoço e o bico da escultura] e a base”, também em ferro.
“Ficam muito bonitos e as pessoas gostam”, assegura, referindo que se vendesse as peças que produz nunca seria “por menos de 20 euros” a unidade.
Os cadeirões, que faz “com dois pneus e com encosto”, também são “bastante confortáveis”.
Referiu que os amigos e a família ficam “contentes” e “gostam” daquilo que faz.
“Muitas pessoas até pensam que o cisne é de cerâmica ou de plástico e só depois de se aproximaram é que verificam que aquilo é pneu”, disse à Lusa.
Os pneus, que transforma em objetos decorativos na garagem da sua residência, que foi convertida em oficina, são recolhidos à beira da estrada, em oficinas de automóveis e também junto de amigos.
O passatempo de Hélder Gomes tem também mais-valias ambientais, pois recupera muitos pneus que são abandonados junto das estradas.
“Tenho recolhido muitos. Os últimos que recolhi, foi junto do cruzamento de Peva, quando se vai para Pinhel. Estavam lá quatro pneus abandonados. Dois já estão transformados em cadeirões e os outros em cisnes”, contou.
A mulher, Olívia Gomes, está “contente e orgulhosa” com o passatempo do marido.
“Eu acho bem e gosto muito. As pessoas gostam muito. As minhas colegas estão sempre a pedir-me para ele lhes fazer um cisne, uma arara ou uma cestinha para embelezarem os seus jardins. As pessoas todas adoram”, afirmou.
A filha do bombeiro também elogia as suas capacidades, mas destaca a vertente ambiental e da reciclagem.
Dora Gomes aponta que o pai “acaba por ajudar o ambiente porque evita que muitos dos pneus que utiliza para fazer estas obras de arte estejam, muitas vezes, à beira da estrada e a prejudicar o ambiente”.
“Tenho muito orgulho em tudo aquilo que ele faz” porque “é uma pessoa muito perfeccionismo”, concluiu a jovem de 24 anos.