A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real, é a única do país a ter uma licenciatura em enologia.
É também uma instituição que, segundo afirmou Silva Peneda, presidente do conselho geral da UTAD, “pode gabar-se de ter campeões do mundo”, ou seja, de ter formado enólogos ou engenheiros agrícolas que fazem vinhos premiados internacionalmente.
E são alguns desses “campeões” que aceitaram o desafio de serem tutores de jovens que acabam o curso nesta universidade.
“Imagine o que é um jovem querer ser jogador e ter como padrinho o Ronaldo. Estamos a comparar, em situações diferentes, mas jovens que acabam de se licenciar e serem acompanhados por um Francisco Olazabal, Luís Coelho ou João Pedro Ramalho, ex alunos da UTAD que hoje estão no galarim mundial a fazer vinhos”, frisou Silva Peneda.
O responsável referiu que esta prática é comum nas universidades anglo-saxónicas.
O objetivo é os antigos alunos apoiarem os novos profissionais na sua entrada no mercado de trabalho.
José Silva Peneda falava aos jornalistas à margem da conferência “Ciência, Vinho & Território”, que decorreu no Douro Régia Park – Parque de Ciência e Tecnologia, em Vila Real, e onde se juntaram muitos antigos e novos alunos da academia transmontana para realçar o papel que a UTAD tem desempenhado na evolução da vitivinicultura duriense.
Francisco Olazabal é um dos enólogos do Douro que tem acumulado prémios e reconhecimentos internacionais pelos vinhos produzidos na Quinta do Vale Meão e é também um dos que vai integrar o programa de tutoria.
O enólogo quer ajudar os jovens até porque a vida agora está mais difícil e o mercado mais competitivo.
“Nós podemos ajudá-los porque o que se aprende na universidade é muito teórico. A realidade prática é bem diferente e um curso como enologia exige muita prática e treino”, frisou.
João Pedro Ramalho trabalha para a Symington Family Estates e é também um dos enólogos que se disponibilizou para ajudar os recém licenciados porque diz que é importante ajudar a fazer opções “em termos académicos, de estágios e apoia-los a trilhar o melhor possível a sua carreira”.
O responsável considerou que o mercado de trabalho “está a ficar saturado”, no entanto ressalvou que “para pessoas com potencial há sempre espaço”.
Luís Constâncio, de Vila Nova de Foz Côa, trocou o curso de direito pelo de enologia porque acredita que é uma licenciatura promissora e ainda por cima numa área à qual está ligado desde criança.
É nesta área que quer trabalhar e, para isso, considera ser importante o contacto com enólogos “reconhecidos internacionalmente” e a “troca de experiências com quem já está no mercado de trabalho”.