Fundão e Sabugal na rota das memórias da emigração

O encontro está marcado para os dias 28 e 29 de julho nas cidades do Sabugal e do Fundão.

Estão a ser dados os últimos passos para se fechar o programa de um grande momento de reflexão em torno da emigração, fenómeno profundo que marcou – e marca – decisivamente as amplas geografias da Beira Interior. O encontro está marcado para os dias 28 e 29 de julho nas cidades do Sabugal e do Fundão. Trata-se de, com o auxílio de testemunhos na primeira pessoa, de académicos, jornalistas e responsáveis políticos, encarar um processo que se traduz numa redefinição de nós próprios.

Uma redefinição dos espaços, dos lugares, das memórias assenhoreadas pelo travo da ausência. Mesmo que nunca tenhamos percorrido os caminhos da emigração, somos descendentes diretos desta caminhada feita por tantos; somos herdeiros da saudade dos que ficaram e dos que partiram a salto pelas fronteiras do medo na incerteza dos dias. Somos, assim, não apenas um labirinto de memórias, mas, também, um outro labirinto, o da Saudade, edificado por Eduardo Lourenço; o de um país face ao seu destino, tantas vezes exposto e projetado na lonjura da ausência.

Somos, na Beira, ainda, um retrato das partidas e das chegadas que se anunciam. Da espera ansiosa da carta que chegava à aldeia, vinda da longínqua França ou daquele raro telefonema que se fazia com hora e dia marcados. Somos, transversalmente, filhos e netos da emigração, reféns de tempos que varreram os passos e as palavras das ruas; de tempos que emudeceram as aldeias.


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