Douro acolhe encontro de tunas tradicionais para preservar legado musical

O primeiro encontro de tunas e mostra de construtores de instrumentos musicais realiza-se sábado e domingo, no Peso da Régua, para destacar o trabalho desenvolvido no campo da música tradicional ao longo dos anos, foi hoje anunciado.

O evento “Tunas Rurais – Memórias Vivas” reparte o palco pelas zonas exteriores da Estação Ferroviária do Peso da Régua, da Casa do Douro e do Museu do Douro e é organizado no âmbito do projeto de animação cultural “Inspira – Douro, Cultura e Património”.

Luís Carvalho, coordenador financeiro da Fundação Museu do Douro, disse hoje à agência Lusa que o objetivo do encontro é “dar ênfase ao trabalho desenvolvido pelas tunas tradicionais”, algumas delas “há mais de 100 anos”. Trata-se de agrupamentos musicais de origem popular.

“Queremos dar destaque e viabilidade a estas tunas tradicionais”, realçou, referindo que estes músicos “tocam por ouvido e não por pauta musical” e que este é “um legado que é preciso preservar”.

“Ao longo dos anos as tunas têm sido uma escola de música para muitos”, frisou.

No jardim do Museu do Douro estarão artesãos que vão mostrar os seus instrumentos e também trabalhar ao vivo na construção de, por exemplo, viola convencional, viola amarantina ou violino.

Os artesãos que vão estar presentes no evento são António Silva (Amarante), Jorge Loureço (Santa Marta de Penaguião), Artimúsica (Braga), Alfredo Machado (Braga) e António Manuel dos Santos Silva (Lamego).

As tunas do Marão e do Alvão vão ser as anfitriãs do encontro, para o qual foram convidados grupos também de outras regiões do país.

No sábado, sobem ao palco as tunas de Ansiães, de Bisalhães e a Orquestra de Cordofones Tradicionais de Braga, e, no dia a seguir, será a vez de atuarem as tunas de Carvalhais, de Soutelo e da Campeã.

Se o tempo não permitir a realização do evento ao ar livre, as iniciativas serão transferidas para espaços interiores.

Em outubro, em São João da Pesqueira, realizar-se-á um segundo encontro de tunas.

O “Inspira” inclui a realização de cerca de 70 concertos um pouco por toda a região do Douro, até dezembro, e o património estará sempre associado aos espetáculos, chegando a aldeias, centros urbanos, praças históricas e miradouros do território duriense.

Trata-se de um projeto de programação em rede que junta a Fundação Museu do Douro, no Peso da Régua, Fundação Côa Parque, em Vila Nova de Foz Côa, e o município de São João da Pesqueira através do Museu do Vinho.

Luís Carvalho fez um balanço “muito positivo” do primeiro mês de projeto, salientando que está a ser cumprido o objetivo de “levar a cultura a vários espaços do Douro”, desde locais menos visitados e conhecidos do grande público até praças e centros com mais visibilidade.

Por causa da pandemia, algumas das iniciativas inicialmente previstas foram reprogramadas.

Para Fernando Seara, diretor do Museu do Douro, o “Inspira” é uma oportunidade para “chegar a toda a gente, às pequenas comunidades, às grandes comunidades e a todos os que visitam a região” e representa, também, “uma boa oportunidade para os artistas portugueses voltarem ao trabalho”.

Para além dos concertos, outra das ações de grande destaque do projeto é a promoção do território através da realização de seis vídeos gravados em sete miradouros do Douro, com diferentes músicos.

São Salvador do Mundo (São João da Pesqueira), São Leonardo da Galafura (Régua), São Cristóvão do Douro (Sabrosa), São Gabriel (Moncorvo), São Lourenço (Vila Nova de Foz Côa), Penedo Durão (Freixo de Espada à Cinta) e o do Ujo (Alijó) são os miradouros escolhidos para os ‘videoclipes’ que pretendem servir de “cartão de visita”.


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