Fundação Côa Parque com candidatura aprovada para a plantação de árvores autóctones

A Fundação Côa Parque viu aprovada uma candidatura de 260 mil euros destinada a ações de sensibilização e plantações de espécies arbóreas autóctones nos núcleos rupestres da Canada do Inferno e da Penascosa, foi divulgado este sábado.

Em declarações à agência Lusa, a presidente da Fundação, Aida Carvalho, disse que foi apresentada uma candidatura à linha de Assistência à Recuperação para a Coesão e os Territórios da Europa (REACT-EU),que foi aprovada, o que vai permitir a plantação de espécies resilientes ao fogo nestes dois sítios emblemáticos da arte rupestre do Paleolítico Superior, com mais de 25 mil anos.

A ação no terreno vai começar na segunda-feira, prolongando-se até quinta-feira, e conta com o apoio da Força de Sapadores dos Bombeiros Florestais do Instituto da Conservação da Natureza e da Florestas (ICNF) que vai realizar ações de sensibilização e a plantação de espécies arbóreas autóctones neste dois núcleos, tornando estes sítios de arte do Paleolítico Superior mais resilientes ao fogo e às intempéries.

“Pretendemos desta forma criar mais zonas de sombra já que a Canada do Inferno e a Penascosa são dois dos sítios mais visitados do Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC), e evitar que o fogo deixe uma marca negra neste valioso património universal e da humanidade”, indicou Aida Carvalho.

O núcleo de arte rupestre da Canada do Inferno tem seis rochas visitáveis e cerca de 40 submersas no rio Côa, um afluente do Douro. Já em Penascosa há oito rochas visitáveis com motivos picotados há 30 mil anos que representam a fauna deste território.

Este projeto teve o seu início com a monitorização topográfica e geofísica dos locais e com colocação de sensores e de uma estação meteorológica para melhor acompanhamento e análise dos dados de humidade, temperatura e atividade sísmica.

Num segundo passo, será efetuada a estabilização de escombreiras resultantes das obras da barragem do Alto Côa, suspensas em 1996, que deixaram uma marca neste território.

“Para realizar a plantação destas espécies foram colocados sedimentos na base da escombreira e agora estamos na fase de plantação de espécies autóctones neste dois locais”, acrescentou Aida Carvalho.

Já Sandra Sarmento, diretora regional do Norte do ICNF disse que esta iniciativa tem em vista a reflorestação de uma zona importante do ponto de vista da biodiversidade como é Vale do Côa.

Segundo esta responsável do ICNF, as espécies que vão ser utilizadas na reflorestação destes dois sítios são azinheiras, sobreiros e zambujeiros. Junto às linhas de água serão plantados salgueiros e amieiros.

“Estamos a falar em zonas com tendência para a desertificação e assim pretendemos melhorar este local em termos ecológicos e paisagísticos. Este é um projeto que nos deixa satisfeitos numa ligação com a biodiversidade, cultura e património”, frisou Sandra Sarmento.

O PAVC detém mais de mil rochas com manifestações rupestres, identificadas em mais de 80 sítios distintos, sendo predominantes as gravuras paleolíticas, executadas há cerca de 30.000 anos, cada vez mais expostas a adversidades climatéricas e geológicas.

Este parque arqueológico foi criado em agosto de 1996. A arte do Côa foi classificada como Monumento Nacional em 1997 e, em 1998, como Património Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

Como uma imensa galeria ao ar livre, o Vale do Côa apresenta mais de 1.200 rochas, distribuídas por 20 mil hectares de terreno com manifestações rupestres, sendo predominantes as gravuras paleolíticas, executadas há mais de 25.000 anos.


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