Covilhã é Cidade Criativa da UNESCO

A cidade passa a integrar a Rede Internacional de Cidades Criativas da UNESCO (UCCN) na área do Design, em que é a primeira em Portugal. A candidatura resultou de uma parceria entre a autarquia e a UBI.

A cidade da Covilhã é, oficialmente, uma das cidades mundiais com a designação de “Cidade Criativa” da UNESCO, juntando-se a 48 cidades que passam agora a integrar esta rede. A distinção surge “como reconhecimento do seu compromisso em colocar a Cultura e a Criatividade no centro do desenvolvimento urbano sustentável, compartilhando conhecimento e boas práticas a nível internacional”, refere a entidade, em comunicado. A rede agora conta com 295 cidades de 90 países, que investem em Cultura e criatividade, artesanato e arte popular, Design, Cinema, Gastronomia, Literatura e Música, para promover o desenvolvimento urbano sustentável.

“Esta candidatura resulta de uma parceria, desde a primeira hora, estabelecida entre a Câmara Municipal da Covilhã e a Universidade da Beira Interior (UBI), que foi enquadrada num protocolo que teve por base a criação de uma equipa participada pelas duas entidades”, explica o diretor executivo da candidatura e docente da Faculdade de Artes da UBI, Francisco Paiva.

Com o objetivo de, através do Design, potenciar as outras áreas associadas, a candidatura – que envolve sete elementos da UBI, das faculdades de Artes e Letras e Engenharia e do Museu dos Lanifícios – implica, também, parcerias com entidades do mundo empresarial e social, além de autores de várias áreas criativas, não só do Design.

“O mérito é da equipa e, obviamente, da autarquia. Sem esse apoio a candidatura não tinha suporte político, que é fundamental; mas também dos órgãos e instâncias da região, que também apoiaram”, sublinha Francisco Paiva.

O docente da FAL lembra que a distinção “é o reconhecimento do potencial da cidade, mas também um compromisso de todos os envolvidos para ser posto em marcha um plano de ação que promova a cultura de projeto. Fazer parte da rede UNESCO é uma honra e um privilégio muito grande, mas carece de renovação periódica de quatro em quatro anos”.

São três as principais linhas de ação durante os próximos quatro anos (2022-2025), que passam pela promoção de uma cultura de projeto e a construção de um centro de Design na Covilhã, que irá permitir fazer uma espécie de transferência de conhecimento da UBI – “que tem uma das maiores ofertas de Ensino Superior em Design do país”- e do meio industrial, à escala global; outra das atividades em que, nomeadamente o Departamento de Artes e o grupo de Artes do LabCom (centro de investigação) estarão muito implicados, é na criação de um centro cultural da Beira Interior, com o objetivo de por em contacto criadores de diversas áreas e todo o tipo de públicos; “queremos também criar uma trienal de Design, que ocorrerá neste primeiro quadriénio”, refere o diretor executivo da candidatura.

Haverá, deste modo, “uma ligação muito forte ao território, às comunidades, à história dos lanifícios e do património industrial, mas também ao património natural e rural. Ganhamos escala e podemos ir aprendendo e indo a programas e fontes de financiamento a que tradicionalmente uma cidade que vive isolada, sem estar dentro destas dinâmicas de internacionalização, não tem acesso”, reforça Francisco Paiva.

Quanto às vantagens financeiras da distinção, a UNESCO não atribui nenhuma verba direta. “O que há é uma majoração em concursos, pelo facto da cidade ser Cidade Criativa, tanto a cidade como os agentes da região parceiros. É uma espécie de certificação de qualidade. Por outro lado, há linhas de financiamento em programas nacionais e europeus exclusivamente destinados às Cidades Criativas”, esclarece o docente.

Francisco Paiva sublinha, ainda, que a integração na Rede Internacional de Cidades Criativas da UNESCO “vem corroborar uma estratégia de especialização territorial da Covilhã em torno da economia do conhecimento e das industrias culturais e criativas. A matéria-prima do futuro é o conhecimento e a Covilhã ao ter esta distinção não está apenas a valorizar o seu passado, está a apontar linhas de futuro”, assegura.

A UBI vai ter um “benefício direto” com a distinção

Relativamente ao papel da UBI na iniciativa, “a instituição tem aqui um papel central e uma responsabilidade, mas também tem o benefício direto, que é o reconhecimento do trabalho feito ao longo destes 20 anos em que os cursos de Design estão aqui em funcionamento”, lembra Francisco Paiva. “Por outro lado, dá-nos uma legitimidade perante outras cidades que têm oferta académica, mas que podem não ter este reconhecimento”.

Ao mesmo tempo, “há aqui um conjunto de parcerias a que a universidade passa a ter acesso através desta rede de cidades criativas da UNESCO, em Design, mas também em muitas outras áreas. A própria autarquia tem a oportunidade de estabelecer ligações intersectoriais dentro do próprio executivo, onde o Design passe a ser uma das preocupações”, refere.

A própria candidatura vai, de resto, ter uma equipa dedicada à gestão da programação e captação de fundos. “E aí a UBI também pode beneficiar de investimentos que venham para a região e para a cidade, onde os nossos investigadores, bolseiros, doutorandos e mestrandos podem ter também uma participação”, remata Francisco Paiva.


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