Contrabando praticado outrora na zona raiana deu origem a jogo de estratégia

A Associação de Desenvolvimento Regional Territórios do Côa, com sede em Almeida, está a apresentar nos municípios da sua área de influência um jogo de estratégia baseado na antiga prática do contrabando.

O jogo “Contrabando – Vale do Côa”, da autoria de Hugo Morango, foi editado pela associação Territórios do Côa, que abrange os dez concelhos da região de influência do Vale do Côa: Almeida, Figueira de Castelo Rodrigo, Freixo de Espada à Cinta, Mêda, Mogadouro, Pinhel, Sabugal, Torre de Moncorvo, Trancoso e Vila Nova de Foz Côa.

A coordenadora da associação, Dulcineia Catarina Moura, disse hoje à agência Lusa que o jogo de tabuleiro já foi apresentado no município do Sabugal e na Feira Ibérica de Turismo, realizada entre quinta-feira e domingo na Guarda, seguindo-se a sua divulgação nos municípios de Almeida e de Pinhel.

O contrabando, importação e exportação clandestina de mercadorias, foi um expediente utilizado até aos anos de 1960 pelos habitantes da região fronteiriça com Espanha para melhorarem as suas condições de vida.

“Contrabando – Vale do Côa” é um tributo aos homens e às mulheres dos concelhos raianos “que no passado viveram o tema do contrabando com sangue, suor e lágrimas”, disse Dulcineia Catarina Moura.

“É um jogo muito pedagógico e é um jogo difícil, porque é um jogo de estratégia. Não é um jogo infantil, nós sugerimos até como idade a partir dos 12 anos e requer alguma estratégia e uma leitura muito atenta do manual”, explicou a responsável.

Para facilitar a sua prática pelos utilizadores foi elaborado um vídeo tutorial, que está disponível na página da internet da associação promotora, em www.valedocoa.pt, disse.

“Esse vídeo foi feito pelo autor do jogo e ele explica toda a mecânica do jogo, do ponto de vista do guarda-fiscal [autoridade policial que vigiava a fronteira entre Portugal e Espanha], do contrabando e das jogadas que devem ser feitas”, referiu.

A coordenadora da Associação de Desenvolvimento Regional Territórios do Côa contou que para a elaboração do projeto lúdico o autor recolheu testemunhos de antigos contrabandistas da região raiana do distrito da Guarda que “foram fulcrais para criar a dinâmica e a mecânica do jogo”.

“Sem esses testemunhos, nada disto seria possível”, admitiu Dulcineia Catarina Moura, que considera o trabalho final “muito positivo”.

O novo jogo de estratégia, que pode ser executado por dois ou três jogadores, regista um “entusiasmo enorme das pessoas” pela temática, indicou.

“Este jogo, baseado no património dos territórios do Côa, revive as histórias de contrabando da altura da ditadura. Qual é a tua estratégia para chegar até Espanha?” é o desafio lançado aos jogadores em cada partida de “Contrabando – Vale do Côa”.

 


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