Bombeiros da Guarda recusam participação nas comemorações locais do 25 de Abril

Os bombeiros da Guarda não vão participar nas comemorações locais do 25 de Abril, organizadas pela Câmara Municipal, devido a uma alegada “desconsideração” manifestada pela autarquia em relação à atribuição de subsídios.

Os voluntários foram convidados para participarem na cerimónia do içar das bandeiras, mas informaram que não vão estar presentes devido a “desmotivação”.

“Esta desmotivação surge pela incompreensão e desconsideração manifestada pela Câmara Municipal da Guarda sobre a missão diariamente realizada por homens e mulheres que voluntariamente se entregam a esta causa, em benefício da segurança de todos os munícipes da Guarda”, refere o comandante, Paulo Sequeira, na missiva enviada à autarquia e à qual a agência Lusa teve hoje acesso.

A atitude dos bombeiros foi confirmada pelo presidente da autarquia, Álvaro Amaro, no final da última reunião do executivo, realizada na segunda-feira.

O episódio surge após as três corporações de bombeiros do concelho da Guarda terem manifestado o seu descontentamento com os subsídios atribuídos em 2015 pela Câmara Municipal.

Este ano, a autarquia decidiu atribuir um montante global de cerca de 17.500 euros para os três corpos de bombeiros, sendo 12.692 para a corporação da Guarda, 2.830 para a de Gonçalo e 1.976 euros para a corporação de Famalicão da Serra.

Os dirigentes das três associações demonstraram o seu descontentamento público com a situação e publicaram um comunicado nos jornais locais através do qual dizem que as “reduzidas” verbas atribuídas são “um forte constrangimento a um adequado desempenho” das suas funções.

No documento, os bombeiros lamentam que a Câmara trate com “desconsideração e de forma tão injusta aqueles que diariamente fazem do lema ‘vida por vida’ a sua opção – os bombeiros voluntários”.

“Apesar de todas as dificuldades que iremos enfrentar, tudo faremos para continuar a desempenhar da melhor forma que nos for possível a missão que nos está confiada”, asseguram.

O presidente da Câmara da Guarda ficou surpreendido com a posição assumida pelos voluntários e já pediu uma reunião aos dirigentes para esclarecer o assunto.

“Quero explicar-lhes que o descontentamento não é desconsideração, como eu por lá leio. Temos que clarificar isto. Eu considero muito os homens e as mulheres que se entregam a estas causas”, afirmou.

Álvaro Amaro disse que a autarquia apoia os bombeiros nas brigadas de primeira intervenção, no fornecimento de bens e de serviços e que, desde o início do atual mandato e até ao final do corrente ano, pagará às três corporações mais de 349 mil euros.

Os bombeiros da Guarda receberão um total de 203.638 mil euros, os de Famalicão da Serra uma verba de 31.069 euros e os de Gonçalo o valor de 114.636 euros, esclareceu.

Questionado pela Lusa sobre este assunto, o presidente da Federação de Bombeiros do Distrito da Guarda, Paulo Amaral, não se quis pronunciar.


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