Autárquicas: Rio com “fortes esperanças” na aprovação de projeto para deslocalizar TC

O presidente do PSD afirmou esta terça-feira ter “fortes esperanças” de que o projeto-lei do partido que pretende transferir o Tribunal Constitucional para Coimbra será aprovado esta semana, e defendeu que é preciso “mau feitio” para defender o interior.

Rui Rio dedicou o primeiro dia de campanha oficial para as autárquicas de 26 de setembro a três concelhos do interior, Guarda, Trancoso e Mêda, e apelou aos políticos que passem das “palavras bonitas aos atos”.

“Em Portugal, estamos à beira de uma decisão da Assembleia da República – não quero exagerar e dizer que fica na história de Portugal, mas fica lá muito perto – de transferir um órgão de soberania para fora de Lisboa”, afirmou.

Rio referiu que, segundo as informações de que dispõe, tem “fortes esperanças” de que os partidos, “a maioria pelo menos”, vai ser coerente na votação e votar a favor na próxima sexta-feira.

Apesar de não ter prevista nenhuma passagem por Coimbra no período de campanha oficial – mas com dias ainda em aberto no programa -, o presidente do PSD salientou que este “não é um projeto para Coimbra, mas para o país”.

“Outras coisas se devem seguir, compassadamente. Temos de ser concretos nas políticas para o interior: pela experiência que tenho da vida política, para conseguirmos isso é preciso aquilo que muitas vezes se chama o mau feitio, eu acho que é assim e faço mesmo, uns gostam e outros não e ganham-se ou perdem-se eleições”, disse.

Questionado se é possível vencer eleições com esse mau feitio, Rio respondeu com outra pergunta: “Se não somos coerentes com o que defendemos, para que é que andamos na vida pública?”, perguntou.

Se durante a manhã a chuva intensa obrigou a passar o contacto com a população na Guarda para dentro das portas de um centro comercial, à tarde o tempo ainda cinzento, mas seco, permitiu visitar os comerciantes locais de Trancoso e Mêda, já que poucos eram os que percorriam as ruas dos dois concelhos.

Em Trancoso, Rio visitou, entre muitas outras lojas, uma livraria/papelaria onde reparou num exemplar da Constituição da República, lembrando que o PSD anunciou recentemente um projeto de revisão da Lei fundamental e avisou o comerciante que poderá, em breve, ter de renovar o ‘stock’.

“Ou então telefona para o PS que quer votar contra tudo e diz para não votar, já tem aí ‘stock’ quase desde o 25 de abril”, afirmou.

Mais à frente, o presidente do PSD foi abordado por uma idosa, a D. Lurdes, que lhe relatou um problema de saúde com um familiar, a necessitar de um exame médico na Guarda, mas cujo transporte de ambulância não era pago pelo Estado.

“Eu acho bem que façam propaganda, mas façam propaganda honesta, séria, se não podem fazer, não prometam”, apelou, com Rui Rio a dar-lhe razão e a dizer que não faz isso.

A cidadão de 85 anos disse que “só depois dos 80” se apercebeu da “manipulação na saúde” e noutras áreas.

“E não sabe da missa a metade”, respondeu o líder do PSD.


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