“Como as empresas artesanais normalmente não dependem de grandes estruturas em termos de máquinas e em termos de grandes tecnologias, o certo é que eles [os artesãos] conseguiram sobreviver, mesmo com alguns dos seus ateliês queimados, mesmo com falta de muita matéria-prima”, segundo João Amaral.
O presidente da Associação de Artesãos da Serra da Estrela explicou que o negócio dos associados “reside sobretudo no saber fazer e no saber fazer bem, e isso tem-lhes valido muito, numa altura em que há escassez de meios, porque alguns deles arderam, desapareceram, mas eles continuam a conseguir produzir com a mesma qualidade, em menos quantidade, aquilo que anteriormente faziam”.
Segundo o dirigente, após os incêndios dos dias 15 e 16 de outubro, o aparelho produtivo na área da produção artesanal “ficou praticamente intocável”, dada a “grande capacidade” de os artesãos “não perderem com os incêndios aquilo que é a essência do seu trabalho: o seu saber fazer, a sua capacidade de desempenho, o conhecimento de materiais e o sentido estético que impõem na sua obra”.
Os setores mais afetados foram os da produção de queijo, de artigos em lã e madeira, indicou.
A Associação de Artesãos da Serra da Estrela tem atualmente cerca de 730 associados, que dão emprego a mais de duas mil pessoas.
Nas áreas mais atingidas pelos incêndios de outubro de 2017 (concelhos de Seia, Gouveia, Oliveira do Hospital, Tábua, Arganil), a associação possui “30 a 35%” do universo total de associados, segundo João Amaral.
A Associação de Artesãos da Serra da Estrela foi criada em 1992 por iniciativa de um pequeno grupo de artesãos do concelho de Seia, com o objetivo de “identificar e organizar a capacidade de oferta dos artesãos” locais, mas “rapidamente se transformou em associação de cariz regional da Serra da Estrela”.
Segundo informação disponibilizada na sua página na internet, neste momento, é a associação representante da Federação Portuguesa de Artes e Ofícios para a Região Centro e passam por si “todos os processos de candidatura à Carta de Unidade Produtiva Artesanal” da mesma região.