Todo o percurso está situado em pleno Parque Natural do Douro Internacional (PNDI) que liga as antigas estações de caminhos-de-ferro de Sendim e Duas Igrejas, naquele concelho distrito de Bragança.
“Trata-se de uma iniciativa que vem sendo pensada há já algum tempo, dado o estado lamentável em que se encontra a maior parte do canal ferroviário da linha do Sabor. Fomos avançando com propostas para a limpeza e manutenção da estrutura para que aquele espaço [canal ferroviário] pudesse ser utilizado de forma permanente em diversas atividades como passeios de bicicleta ou passeios pedestres “, explicou à Lusa Artur Nunes.
Para dar dignidade à antiga via-férrea do Sabor, o autarca aponta como exemplo a recuperação em 2013 da estação de comboios de Sendim, onde foram investidos cerca de 90 mil euros financiados pela Corane – Associação de Desenvolvimento do Municípios da Terra Fria Transmontana.
“Com este tipo de intervenção, fica preservado o património edificado e o canal ferroviário, para no futuro se poder pensar em utilizar a infraestrutura para fins turísticos. A matriz do canal não foi alterada, apenas preservada”, indicou o autarca.
A inauguração da ecopista que liga Sendim a Duas Igrejas está prevista para o dia 13 de julho com uma caminhada ao longo no novo equipamento de lazer e desporto.
A linha ferroviária do Sabor ligava o concelho de Miranda do Douro, no distrito de Bragança, ao Pocinho, no concelho de Vila Nova de Foz Côa (Guarda) atravessava Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta e Torre de Moncorvo.
“É importante valorizar todo o canal ferroviário e se, futuramente houver pretensões, dar-lhe outros aproveitamentos como uma linha férrea turística entre o Pocinho e Miranda do Douro”, concretizou Artur Nunes.
Por outro lado, o autarca lembra que a Associação de Municípios do Douro Superior (AMDS) aposta na recuperação do canal da antiga linha do Sabor para se criar uma ecopista entre o Douro Internacional e o Douro Vinhateiro.
“A ideia começa a ganhar forma e passa por criar um corredor verde ao longo de todo canal ferroviário, já que a via atravessa o Parque Natural do Douro Internacional, havendo por isso mais-valias turísticas e ambientais que terão de ser exploradas”, frisou o responsável.
O futuro passa pela recuperação dos cinco imóveis e área envolvente da estação de Duas Igrejas (Miranda do Douro), mas terá se esperar por fundos comunitários, estando o projeto orçado em cerca de 600 mil euros.
Artur Nunes defende que a recuperação do património é um dos fatores de desenvolvimento económico da região do Douro Internacional, já que a região duriense não é só o Alto Douro Vinhateiro.
Outro dos exemplos de utilização do canal da antiga linha férrea é a Ecopista do Sabor, no concelho de Torre de Moncorvo, que dispõe atualmente de cerca de 44 quilómetros para usufruição dos residentes e visitantes, em passeios pedestres e de bicicleta.
Os 105 quilómetros da linha ficaram concluídos em maio de 1938, tendo existido circulação em toda a sua extensão até janeiro de 1989, desde aí o património ficou ao abandono.
O serviço de passageiros terminou três anos antes, tendo ficado a linha dedicada apenas a serviço de mercadorias.
O troço de Pocinho a Carviçais foi inaugurado em 1911, sendo que a ponte sobre o rio Douro ficou concluída em 1909. Esta ponte foi construída com dois tabuleiros – um ferroviário e outro rodoviário.
Até à construção da barragem do Pocinho, a Linha do Sabor serviu de ligação entre os distritos da Guarda e Bragança.