Já passou o tempo em que os estudantes tomavam simplesmente alguns cafés na véspera dos exames para apartar o sono, diminuir o cansaço do cérebro e amplificar os índices de concentração.

Numa sociedade cada vez mais competitiva e selvagem, uma nova e objectada opção tem assinalado esses momentos de voltagem antes das provas. Estamos obviamente a abordar o tema smart drugs. Dizem que este tipo de drogas acaba por despertar o cérebro e aparentemente simplificar a aprendizagem. Será que esta prática não pode ser apelidada de doping escolar? Será que as smart drugs oferecem um efectivo aperfeiçoamento cognitivo? Será que estas condutas não estão embrulhadas em objectos éticos e delineamentos clínicos? Será que as suas consequências paralelas têm sido convenientemente escoltadas? Será que não existe uma pardacenta e tremenda pressão, em relação aos alunos, para a obtenção de resultados excelentes? Será que não se procura transaccionar a ideia de que a inteligência pode ser servida em comprimidos? Será que a tendência não é para o desenvolvimento constante dessas mesmas drogas? Será que o seu uso é justo? Como é que se define aquilo que efectivamente é justo e íntegro?
Ao analisar a história do ser humano, verificamos que o mesmo começou a usar drogas com a finalidade de ampliar, de algum modo, o seu rendimento, produtividade e força. Na verdade, no caso dos estudantes, o uso de substâncias excitantes já existe há bastante tempo. Será que o café, referido anteriormente, não é o padrão mais clássico? Será que um exame é precisamente o mesmo que uma olimpíada intelectual? Será que para adquirir informação e conhecimento não é necessário estudar? Será que a desmesurada competitividade não facilita a disseminação dessas drogas entre os estudantes? Será que as agendas cada vez mais preenchidas não contribuem para o uso de drogas? Será que existe alguma garantia sobre se esses “medicamentos” aumentam a capacidade, desempenho, alerta e concentração da população estudantil? Será que somente os estudantes é que usam este tipo de drogas? Será que os resultados colaterais não suplantam os benefícios? Será que o uso das smart drugs não desestabiliza a reminiscência selectiva? Será que as “drogas inteligentes” não provocam espaços de embaralhamento e alvoroço mental? Será que a bula deste tipo de comprimidos é cristalina? Será que no seio da aprendizagem existem cânones ou rebuçados mágicos? Será que os seres humanos não estão limitados pela própria capacidade de raciocínio e inteligência?
As smart drugs são, em diversas ocasiões, usadas para fins clínicos porque emendam níveis de neurotransmissores que o cérebro emprega habitualmente e que, em algumas enfermidades, estão modificados. Os consumidores deste tipo de drogas podem ter batimentos muito acima do normal, náuseas, alterações de sono e desenvolvimento de dependências.
Não há ninguém que fique repentinamente inteligente com o uso destas substâncias. Na realidade, se estivermos bem de saúde não vamos sentir nenhuns benefícios com estas drogas. Felizmente os cidadãos agasalham recursos naturais de aperfeiçoamento como são exemplo: a motivação; o esforço; a coragem; a dedicação; o delineamento de objectivos; e a experiência.
O consumo das “drogas inteligentes” metamorfoseou-se numa inquietação à escala mundial, especialmente nos Países mais industrializados, em função do seu elevado uso e dos sulcos que pode transportar. A adolescência é um período de desenvolvimento marcado por enormes índices de exibição, excesso, superfluidade e vulnerabilidade. A dependência psicológica é a indispensabilidade da droga para alcançar o máximo da sensação pretendida. A dependência física indica acomodação do organismo ao uso contínuo da substância, com o desenvolvimento de “presságios” quando a droga não é ingerida. Será que a principal razão para o consumo das smurt drugs não é a ociosidade? Será que a questão da imaturidade em relação à personalidade, bem como a imitação, insegurança, ansiedade e conflitos psicológicos não constituem condições que acabam por contribuir para o aumento do consumo dessas drogas?
Os cidadãos como produtos do meio sofrem as tensões e as influências do ambiente em que estão inseridos. No ambiente desfilam valores sociais negativos, iniquidades sociais, desestruturações familiares, ausências de informação, falta de conhecimentos, escalões de violência gratuita e redes de boatos. Contemporaneamente o homem moderno está mais preocupado com o corpo do que com o espírito, deixando-se absorver pelo bem-estar, prazer e contentamento. As acessórias conquistas externas transportam-no para um lamacento, azedo e decepcionante vácuo interior. Habituado às sensações vigorosas, o homem sente inúmeras dificuldades em harmonizar-se às subtilezas da compreensão psicológica. Esta percepção psíquica hospedava seguramente adquirições importantes e impulsionadoras da plenitude íntima e concretização “metafísica”. Entusiasmados pelo pavor de enfrentar arduidades, ou motivados pela curiosidade decorrente da inexistência de maturação e ponderação emocional, os jovens principiam-se no uso dos estimulantes.
Craques da comunicação, da cultura, da arte, do entretenimento e do desporto não se inibem de divulgar que usam estimulantes que os “conservam” no cume da notoriedade. Todavia, quando muitos deles sucumbem, em néscios cenários de mutilação voluntária ou involuntária, ainda são metamorfoseados em arquétipos merecedores de serem reproduzidos, transaccionando as imagens que acabam por enriquecer os promotores do seu infortúnio.
De facto, a pérfida alimentação do cérebro influencia o humor, os contextos de concentração e a memória. Quando o cérebro não tem os nutrientes adequados indispensáveis à confecção dessas substâncias, as ocupações intelectuais ficam alteradas de múltiplas formas.
As significações do problema e a sua estabilização enquanto dilema público estão sujeitas à capacidade de “regulamentação” dos recursos dos sectores que podem perfilhar o problema, tanto na perspectiva individual como na institucional. Nos meios de comunicação social depende-se de artigos de opinião, editoriais, debates e verdadeiros programas informativos. Em comissões parlamentares, depende-se de audiências, salubridade política e custo político das actuações. A acostagem familiar depende de novas imagens e modernizados meios. Será que a abordagem familiar não constitui uma condição vulgarmente impactante e voltaica? Será que a saturação da mensagem não é um delineamento a ser evitado? Será que a saturação não pode desvalorizar o temperamento dramático da mensagem, bem como trivializá-la?
O consumo de drogas, legais ou ilegais, provoca uma modificação da laboração natural do sistema nervoso central dos indivíduos, sendo susceptível de produzir dependência psicológica e/ou física. Na verdade, trata-se de um problema de saúde pública de âmbito nacional e internacional que origina, a todos os grupos consumidores, avultadas despesas de cariz político, económico, social e ético. Será que o facto de determinadas substâncias serem legais não profetiza a ausência de “aguagens” para a saúde?
Todas as substâncias, consequências, silhuetas dos consumidores, estímulos intrínsecos ao consumo pertencem a conjunções dissemelhantes. Certamente que será relevante a elaboração de uma investigação nesta superfície que contribua para uma superior quantificação e caracterização dessas mesmas conjunções. Simultaneamente, com esse estudo, os investigadores teriam a possibilidade de recolher informações sobre as próprias compreensões, exposições e representações que os jovens agasalham em relação às substâncias psicoactivas. Será que este estudo não proporcionaria informações proveitosas às “incumbências” dos inúmeros e diferentes profissionais de saúde, assim como à população em geral? Será que a diminuição do consumo de drogas, assim como o decrescimento dos riscos e o abatimento dos malefícios não teriam a tarefa simplificada com esse tipo de investigação?

 

Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.