No evento de assinatura do protocolo, o presidente da Câmara de Proença-a-Nova, João Paulo Catarino, considera que estão criadas as condições para o medronho ser um dos produtos endógenos que mais pode contribuir para o desenvolvimento do território.
«O medronho tem tido a infelicidade de ser uma espécie autóctone nacional pois teria sido valorizado há muito mais tempo se fosse de outro país. Antes, com exceção dos locais onde se faz aguardente de medronho, olhava-se para o medronheiro quase como mais uma espécie de mato», disse.
Na perspetiva do edil, vários fatores têm contribuído para uma inversão deste cenário, com destaque para a investigação que se faz nas instituições do Ensino Superior, a sensibilização promovida pelas autarquias e também a criação da Cooperativa Portuguesa de Medronho: «com a chegada da iniciativa privada de uma forma organizada, julgo que as oportunidades serão cada vez maiores e, no futuro, teremos mais uma forma de criar riqueza – e emprego – na nossa região», adiantou João Paulo Catarino.
José Brito, presidente do município de Pampilhosa da Serra, destaca a importância do protocolo como forma de valorizar um recurso «do qual não temos tirado o devido proveito» e espera que o caminho que se está a fazer proporcione, «acima de tudo, motivação para que consigamos criar dimensão e ter oferta ao nível de comercialização: temos que ter produto em escala e quantidade».
Sinal da importância do medronho para o concelho de Vila de Rei, Ricardo Aires, presidente da edilidade, recordou o projeto de construção de uma destilaria precisamente para dar condições para a exploração do medronho, tornando-o financeiramente atrativo.
E destacou o trabalho de sensibilização que está a ser feito junto dos deputados da Assembleia da República para que se aplique uma taxa reduzida de imposto especial sobre o consumo à aguardente e aos licores produzidos com álcool feito com medronho, e sejam tomadas medidas para a defesa da plantação de medronheiros. A ADXTUR – Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto foi outra das entidades que assinou o protocolo.
Paulo Fernandes, responsável pela ADXTUR e presidente do município do Fundão, destacou a importância desta parceria até porque o território das aldeias do xisto é o mesmo em que o medronho tem condições ímpares para o seu desenvolvimento, além de que já é uma marca consolidada.
Desta forma, o medronho e os seus produtos derivados serão parte integrante da comunicação e imagem das Aldeias do Xisto, transmitindo simultaneamente a confiança a possíveis produtores de que vale a pena investir no medronho.
Carlos Fonseca, presidente da Cooperativa Portuguesa do Medronho, revelou que o presente protocolo – assinado com quatro municípios – será estendido a outras autarquias de norte a sul do país considerando que «os municípios são os gestores do território» e a primeira linha de contacto com os munícipes sendo que é fundamental a passagem da informação – dos centros de investigação e das componentes técnicas – para quem pretende investir neste produto.
«Acreditamos que o medronho pode contribuir para a valorização deste território e, como tal, estas parcerias são para nós fundamentais e estamos completamente disponíveis para ajudar os municípios numa perspetiva de apresentar alternativas» à tradicional ocupação da floresta com pinhal e eucaliptos.
Até porque o medronho tem muitas utilizações para além da mais comum: «hoje em dia sabemos que a valorização deste fruto é feita essencialmente através da aguardente e há aqui campo para explorar no sentido de darmos valor acrescentado a esta espécie que deve ser vista no seu todo: para além do fruto temos a folha, a flor e a raiz».
Carlos Fonseca adiantou ainda que no próximo dia 26 de março será criado o Conselho Consultivo da CPM que reúne as oito instituições de Ensino Superior com trabalho feito na área do medronheiro.
A Cooperativa Portuguesa do Medronho, com sede em Proença-a-Nova, foi criada há um ano e meio e representa atualmente 55 cooperantes a nível nacional.