UBIMedical pronto para receber investigação e empreendedorismo da saúde

O UBIMedical situa-se nas imediações do Hospital Pêro da Covilhã e Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior.

As obras estão prontas e, depois das últimas afinações, o edifício receberá investigadores e empresas que queiram inovar na área da saúde. Mais de cinco milhões de euros foram investidos numa estrutura que acrescenta mais uma vertente ao cluster da saúde na região.

O edifício está concluído e já não falta muito tempo para que os laboratórios dedicados à investigação e as salas de incubação de novas empresas ligadas à saúde encham de vida o UBIMedical. Um projeto da Universidade da Beira Interior (UBI) que vem acrescentar mais uma vertente a uma área que começou a evoluir com a criação da Faculdade de Ciências da Saúde (FCS). O espaço espera a instalação Labfit, a primeira “spin off” com origem na UBI que irá trabalhar na nova infraestrutura, e estão já confirmadas mais duas empresas.

Construído nas proximidades de duas instituições, às quais está naturalmente ligado e com as quais trabalhará intimamente – FCS e Hospital Pêro da Covilhã – o UBIMedical representa um investimento superior a cinco milhões de euros, financiado por programas europeus a 75 por cento.

O restante foi pago pela UBI, que acrescenta à capacidade instalada neste setor 1000 metros quadrados dedicados a laboratórios de investigação e uma zona com igual dimensão para receber empresas que se dediquem ao desenvolvimento de novos produtos, soluções ou serviços de alta tecnologia.

SAÚDE É LINHA OBRIGATÓRIA

Requisito obrigatório: saúde. “O objetivo é servir, tal como a nível internacional, como um acelerador de conhecimento, através da investigação, mas também de transferência desse conhecimento para as empresas”, explica Mário Raposo, vice-reitor para a área Financeira e Projetos, que tem acompanhado de perto a instalação da infraestrutura.

Não só na área da saúde, as universidades constituem-se como centros de novas descobertas, a dificuldade reside em fazer chegar esses resultados ao mercado. A forma como o responsável entende que a equação pode ser resolvida “é conseguir que os investigadores, ou eventualmente outros interessados, peguem nas ideias, nas tecnologias, nos produtos e nas patentes que se desenvolvem e transformem isso em coisas comercializáveis”.

Este projeto vai mais além e não deixa de olhar para a região que envolve a UBI, que contribui desta forma para um “cluster” importante, ainda que, naturalmente, os progressos que saírem das salas do UBIMedical terão influência em espaços mais abrangentes. Um trabalho que a UBI já desenvolvia antes e que tem assim continuidade com mais condições. “A aposta que tem sido feita na Faculdade, nos equipamentos, nos laboratórios, na requalificação dos recursos humanos é precisamente com o objetivo de ajudar a melhorar a qualidade de vida das populações que vivem aqui”, salienta Mário Raposo.

CONSULTAS DE OFTALMOLOGIA

No caso do UBIMedical esse trabalho incluirá, na oftalmologia, consultas a pacientes, que poderão assim colaborar também nas investigações, através da análise das duas necessidades. Além desta, irão ser desenvolvidos projetos na bioquímica, biotecnologia, biomedicina, biofísica, indústria farmacêutica, nutrição, medicina desportiva, saúde e bem estar, entre outras.

Essa base, no entanto, não é estanque. “Isto não é um espaço fechado. É um sistema aberto e hoje os sistemas de inovação querem-se abertos”, salienta Mário Raposo, defendendo que “a inovação circula entre várias áreas do conhecimento e nós na Universidade sempre procuramos isso”.

Assim, a expetativa do vice-reitor é que os laboratórios de partida, considerados prioritários em determinadas áreas, não impedirão a instalação ou potenciação de outras. Em especial o dinamismo empreendedor que se pretende, sublinha o elemento da Reitoria: “A fase seguinte é pegar nessa capacitação laboratorial que existe, conseguir criar um dinamismo que leve à criação de spin offs na Universidade, seja por professores e investigadores, seja por alunos de doutoramento ou de mestrado que venham agora fixar-se e ligar-se a estas empresas e a esses laboratórios que estão aqui instalados”.

AJUDAS NOS CUSTOS LOGÍSTICOS

E chegamos à parte dedicada às empresas. Dividido em dois pisos, o UBIMedical destina o superior para os laboratórios e, abaixo, para o empreendedorismo. Sem menosprezo simbólico, porque a dimensão é a mesma e a importância dada à transferência de conhecimento já foi sublinhada. Em termos logísticos, será oferecido o espaço para instalação e funcionamento – custos de eletricidade, limpeza e segurança – um auditório e salas de reuniões, “para receber clientes e falar com outras entidades”, explica Mário Raposo.

Os parceiros desta área não têm de estar ligados à UBI. “Podem vir da Universidade – salienta – mas se vierem de fora obviamente que serão bem-vindas e é isso que irá acontecer porque já temos algumas manifestações de interesse de entidades externas”.

Uma coisa é certa, o projeto do UBIMedical não vai resultar no sacrifício financeiro de outros setores da UBI. Desenhada para funcionar em funding gap, a estrutura “não é um centro de custos para a Universidade”, explica o vice-reitor para a área Financeira, concluindo: “Tem de gerar receitas para pagar aquilo que consome. Aquilo que se vai fazer é na ótica de gerar rentabilidade”. Tudo isto prevendo o investimento que é necessário nos primeiros tempos.

No prazo de 15 anos, os custos terão de ser iguais aos proveitos.


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