O Governo está a preparar um plano para reintroduzir o lince ibérico na Serra da Malcata, o que poderá acontecer dentro de três a cinco anos, afirmou hoje à agência Lusa o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes.
“Apraz-me registar a boa vontade do senhor ministro. Diria que é uma posição com que, evidentemente, todos nos congratulamos, mas vemos tudo isso com algum descrédito, porque estão a ser desenvolvidos programas de reintrodução do lince em alguns espaços a sul [do país] e essa reivindicação de a Malcata se associar já a esse plano é que era uma boa notícia”, disse à Lusa o autarca do Sabugal, António Robalo (PSD).
Segundo o governante, “a expectativa de sucesso” é de que “em três, quatro, cinco anos” possam existir “condições para que o lince possa voltar à Serra da Malcata”.
“Acredito que, no final deste ano, já estaremos em condições de poder iniciar no terreno as intervenções que conduzirão a que, num prazo que infelizmente nunca será muito curto, volte a haver lince na Serra da Malcata”, realçou o ministro.
A existência de alimento, ou seja, coelhos bravos, é fundamental para a decisão de libertar os linces.
A densidade de coelhos bravos por hectare recenseada na Serra da Malcata era de 0,29 quando o programa LIFE, que tem financiado a reintrodução do lince na Península Ibérica, diz que tem de haver um mínimo de dois coelhos bravos por hectare, lembrou João Matos Fernandes.
Assim, concluiu, “não há quaisquer condições para hoje poder reintroduzir o lince na Serra da Malcata”.
O presidente da Câmara Municipal do Sabugal justifica a sua posição de “algum descrédito” pelo anúncio da reintrodução do lince ibérico naquele território tendo em conta “a instabilidade dos Governos” e os seus “poderes efémeros”.
Para António Robalo, a reintrodução do lince na Serra da Malcata “devia de ter sido já [concretizada] ontem, não era daqui a três, quatro ou cinco anos”.
“Promessas destas existem todos os dias. É bom falar-se [da temática do lince e da sua reintrodução naquele espaço] e espero que efetivamente se concretize, porque a Malcata e o lince estão associados. O lince é o símbolo da [Reserva Natural] da Malcata”, concluiu.