O Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC) teve obras de requalificação nos três principais núcleos arqueológicos daquele equipamento, que vão permitir melhorar as condições de visita à arte rupestre do Côa, foi hoje revelado.
A nova presidente do Conselho Diretivo da Fundação Côa Parque (PCP), Aida Carvalho, disse à agência Lusa que as intenções nos acessos e nos núcleos de arte rupestre da Penascosa, Canada do Inferno e Ribeira de Piscos, foram executados por intervenção direta, durante o período de confinamento, por trabalhadores do PACV.
“As intervenções incidiram no arranjo e melhoramento dos acessos aos três locais mais visitados dentro do PAVC e também foram consolidados muros e outras estruturas afetas aos núcleos de arte rupestre, sempre com objetivo de melhorar as condições de visitação à Arte do Côa”, vincou a responsável
Estes três santuários da arte rupestre mundial também tiveram outros melhoramentos, com plantação de árvores e arbustos, da flora daquele território.
“Estas intervenções tiveram em conta a nova fase que se aproxima, já que a reabertura ao público do PAVC está prevista para o dia 05 de abril de 2021”, indicou Aida Carvalho.
Aquando da reabertura do PAVC, os visitantes vão ter à sua disposição uma nova modalidade de visitação das gravuras do Côa, através de percursos a cavalo.
“Foi estabelecida, recentemente, uma parceria com um agente privado, no sentido de promover passeios equestres, como forma de melhor conhecer a Arte do Côa”, adiantou a responsável.
“Esta visita a cavalo pretende relembrar a relação entre o homem e os equídeos, que estão muito representados nas gravuras picotadas no xisto das margens do rio Côa”, explicou Aida Carvalho.
As visitas a cavalo poderão ser realizadas todos os dias, sujeitas a marcação, entre fevereiro e outubro, com partida do Centro de Receção de Visitantes de Castelo Melhor, no concelho de Vila Nova de Foz Côa, distrito da Guarda, com destino ao núcleo da Penascosa.
“O percurso será orientado por um monitor de equitação e por uma equipa de técnicos da FCP. Este percurso tem uma duração de três horas, onde está incluída a degustação de produtos locais nas margens do rio Côa”, concretizou Aida Carvalho.
Este novo modo de visita das gravuras do Côa vem juntar-se a outras já desenvolvidas e procuradas pelos visitantes, tais como as de caíque, a nado e, a partir de junho, através de uma embarcação movida a energia solar.
As visitas noturnas aos núcleos de arte rupestre do PAVC serão mantidas e até reforçadas, porque são muito procuradas pelos turistas e investigadores, disse.
“Estas visitas são muito solicitadas, porque, com a ajuda da luz rasante, entre maio e setembro, estas gravuras atingem uma dimensão quase mágica”, observou a responsável.
O PAVC foi criado em agosto de 1996.
A arte do Côa foi classificada como Monumento Nacional em 1997 e, em 1998, como Património da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação e a Ciência (UNESCO).
Como uma imensa galeria ao ar livre, o Vale do Côa apresenta mais de mil rochas com manifestações rupestres, identificadas em mais de 80 sítios distintos, sendo predominantes as gravuras paleolíticas, executadas há cerca de 25 mil a 30 mil anos.
Desde a revelação das gravuras rupestres do Vale do Côa, em 1995, continuam a acrescentar-se novas descobertas e são mais de 70 os sítios arqueológicos já identificados, tornando-se assim numa das maiores áreas a céu aberto da arte representativa do Paleolítico Superior.
O PAVC ocupa uma área de cerca de 20 mil hectares de terreno, sendo alguns dos sítios de “difícil acesso” para investigadores e visitantes. E “a prospeção arqueológica vai continuar”.
Do território do Vale do Côa fazem parte seis concelhos: Vila Nova de Foz Côa, Mêda, Pinhel, Figueira de Castelo Rodrigo, no distrito da Guarda.
De acordo com o “plano de desconfinamento” anunciado pelo Governo, museus, monumentos, palácios, galerias de arte e similares podem reabrir a partir de 05 de abril.