Museu Arqueológico de Madrid mostra “Arte Sem Limite” com gravuras do Côa e Siega Verde

A exposição reúne, ao longo de todo o percurso expositivo, “peças originais, réplicas, reconstituições, assim como diversa informação textual e gráfica em forma de desenhos, fotos, vídeos e até hologramas”.

O Museu Arqueológico Nacional de Espanha, em Madrid, acolhe entre 14 de novembro e 12 de fevereiro de 2023 a exposição “Arte Sem Limite” que mostra a arte rupestre do Côa e Siega Verde, foi hoje divulgado.

“Esta mostra é a continuidade da exposição que esteve patente no Museu de Arte Popular, em Lisboa, tratando-se de uma parceria da Fundação Côa Parque e da Junta de Castela e Leão. O que se pretende é divulgar arte paleolítica da região da bacia do Douro entre o Côa e Siega Verde (Espanha)”, explicou à Lusa a presidente da Fundação Côa Parque, Aida Carvalho.

A exposição reúne, ao longo de todo o percurso expositivo, “peças originais, réplicas, reconstituições, assim como diversa informação textual e gráfica em forma de desenhos, fotos, vídeos e até hologramas” da arte rupestre do Vale do Côa e Siega Verde, estando em fase de preparação e montagem.

“Trata-se de uma logística complexa porque estamos a falar de um museu de renome, questões ligadas ao transporte dos materiais expositivos, ativação de protocolos, seguros para as peças”, frisou a responsável pela fundação.

De acordo com as entidades promotoras, “esta exposição pretende sensibilizar o público para as diferentes formas de expressão artística da humanidade e a forma de como representavam o homem do Côa, manifestando as representações da arte paleolítica que nem sempre era produzida em cavernas ou abrigos, mas também ao ar livre”.

“Esperamos uma boa adesão do público em geral já que vai para uma capital europeia, já que se trata de uma exposição catalisadora capaz de atrair visitantes, com a capacidade de trazer à região do Côa visitantes de outras paragens, não fosse Madrid uma cidade cultural e que atrai público de várias latitudes”, disse Aida Carvalho.

A mostra “Arte Sem Limite” é comissariada pelos arqueólogos Thierry Aubry e André Santos, da Côa Parque, aos quais se juntam os arqueólogos espanhóis José Xavier Moreno e Cristina Vega Maeso, da Fundação Siega Verde.

Esta exposição envolveu uma equipa de arqueólogos dos dois lados da fronteira, ligados à investigação da arte paleolítica do Vale do Côa e de Siega Verde, dois dos maiores santuários da arte rupestre ao ar livre da Península Ibérica e do mundo, inscritos como bem cultural imaterial na lista da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

“Esta exposição estará dividida em dois módulos, ligados entre si, pelo espaço central da mostra, exclusivamente dedicado ao Vale Côa e Siega Verde. Numa primeira parte, designada ‘Obscuridade’, o visitante terá a oportunidade de perceber que foram os autores das expressões artísticas e como chegaram a esta região da Península Ibérica e quais eram os seus modos de vida”, concretizou Aida Carvalho.

Num segundo módulo da exposição, “exclusivamente” dedicada ao período da “Luz”, destaca-se a importância da arte paleolítica ao ar livre.

Na exposição de arte rupestre há figuras de animais já desaparecidos, desde os auroques (boi selvagem), a cervas, cavalos e bisontes, entre outros que ficaram imortalizados nas rochas xistosas da bacia do Douro.

O Sítio Arqueológico de Siega Verde é uma extensão do Parque Arqueológico do Vale do Côa, que foi classificado património da humanidade pela UNESCO, em 02 de dezembro de 1998, tendo Siega Verde obtido o mesmo reconhecimento em 01 de agosto de 2010.

Em Siega Verde estão identificados cerca de uma centena de sítios arqueológicos, no total de 500 imagens gravadas, “onde 52% representam animais e, os restantes, traços e símbolos abstratos que não se conseguem codificar”, segundo a instituição.

Estudos cronológicos indicaram que a antiguidade das gravuras de Siega Verde varia de 20.000 a 10.000 anos, sendo, portanto, mais recentes cronologicamente do que as do vale do Côa, que podem chegar aos 30.000 anos.


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