Novas ligações Portugal, Espanha e França só para hidrogénio em 2030

O hidrogénio verde é produzido a partir de energias renováveis, como a solar ou eólica.

As novas ligações para transportar energia entre Portugal, Espanha e França, conhecidas como “Corredor de Energia Verde”, excluem o gás e serão apenas para hidrogénio, devendo estar operacionais em 2030, anunciaram os três países na sexta-feira, dia 9 de dezembro.


Os primeiros-ministros de Portugal e Espanha, António Costa e Pedro Sánchez, e o Presidente de França, Emmanuel Macron, confirmaram na sexta-feira, após um encontro na cidade espanhola de Alicante, o acordo para este “Corredor de Energia Verde”, para transporte de hidrogénio verde (produzido a partir de energias renováveis, menos poluentes).


O projeto, batizado H2MED, prevê uma ligação terrestre entre Celorico da Beira e Zamora, em Espanha (CelZa, com 248 quilómetros) e outra submarina entre Barcelona e Marselha (BarMar, de 455 quilómetros).


Quando o acordo entre os três países foi inicialmente anunciado, em 20 de outubro, em Bruxelas, estas eram já as ligações previstas, mas a intenção manifestada nesse dia publicamente era que servissem para transportar hidrogénio, no futuro, e gás no imediato, numa fase de transição.


Os três governos vão apresentar o projeto a fundos europeus e foi confirmado que será em exclusivo para transporte de hidrogénio, para conseguir vir a ser contemplado por financiamento de Bruxelas.


O financiamento europeu do H2MED pode chegar aos 50% do custo estimado do projeto, que Portugal, Espanha e França calculam que seja de 350 milhões de euros no caso do CelZa e de 2.500 milhões no BarMar, segundo um documento divulgado na sexta-feira em Alicante aos jornalistas, após o encontro de Costa, Sánchez e Macron, que contou também com a presença da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.


A presidente da Comissão Europeia saudou este acordo entre Portugal, Espanha e França, que disse estar alinhado com a estratégia de Bruxelas para a energia e afirmou ser elegível para financiamento europeu.


A candidatura que será levada a Bruxelas até 15 de dezembro contempla, no lado português, a reconversão de duas ligações atuais da rede de gás, para transporte de hidrogénio, segundo explicou o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, em declarações aos jornalistas em Alicante.


“Exigirá, da parte de Portugal, e constará do projeto de candidatura, reconversões da rede de gás para fazer chegar o hidrogénio das zonas de produção para Celorico da Beira e, por sua vez, para Espanha. Também do lado espanhol exigirá essas reconversões”, disse o ministro.


Em Portugal, estão em causa as ligações de gás entre Figueira da Foz e Celorico da Beira e a de Monforte a Celorico da Beira, sendo que a primeira é a que tem, atualmente, um “potencial produtivo mais adiantado” e pode atrair “novos projetos de hidrogénio verde” além dos que estão já ali identificados, segundo Duarte Cordeiro.


“Estas reconversões farão parte da candidatura [do H2MED a fundos europeus], da viabilidade económica deste corredor”, afirmou Duarte Cordeiro, que estimou o custo de adaptação da ligação entre a Figueira da Foz e Celorico da Beira em 120 milhões de euros.


O governante explicou que houve trabalho técnico desenvolvido nas últimas semanas para chegar aos detalhes apresentados em Alicante e que se segue agora um memorando de entendimento entre os operadores dos três países (no caso de Portugal, a REN) para concretizar o projeto e a candidatura, que tem de chegar a Bruxelas até 15 de dezembro.


O ministro congratulou-se por Ursula von der Leyen ter já “avaliado positivamente” o acordo alcançado para o H2MED, um projeto que está em linha com os objetivos europeus de descarbonização (redução das emissões poluentes) e o aumento da “segurança energética” da União Europeia, ou seja, menor dependência de países terceiros.


Segundo a informação conhecida na sexta-feira, o H2MED terá capacidade para transportar 2 milhões de toneladas anuais de hidrogénio verde entre Barcelona e Marselha e 750 mil toneladas entre Celorico da Beira e Zamora.


Estas quantidades correspondem a 10% do consumo de hidrogénio verde (H2) estimado em toda a União Europeia em 2030, o que faria deste projeto o primeiro grande corredor europeu desta energia.


A União Europeia estabeleceu este ano como objetivo para 2030, para reduzir a utilização de gás, o consumo de 20 milhões de toneladas anuais de hidrogénio verde, sendo que 10 milhões deverão ser produzidas dentro do espaço europeu e 10 milhões importadas.


O hidrogénio verde é produzido a partir de energias renováveis, como a solar ou eólica.


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