Em nota de imprensa enviada à agência Lusa, este município do distrito de Castelo Branco explica que as escavações estão a decorrer nas explorações de ouro do complexo mineiro romano da Mina da Presa e Covão do Urso.
“Os trabalhos irão permitir conhecer toda a estrutura do território e como decorria a vida quotidiana, durante a ocupação romana. Pela primeira vez, haverá uma datação direta e precisa, em toda a antiga Lusitânia, de minas romanas, sendo que o complexo mineiro é um testemunho notável da atividade mineira romana de extração de ouro no nordeste da província romana”, é referido.
Segundo a informação, os trabalhos estão a ser realizados em duas explorações mineiras de um conjunto de explorações mais abrangente do rio Erges e Baságueda, sendo que as estruturas agora estudadas “funcionavam com depósitos de água que, neste caso, foram cortados transversalmente para obter uma datação dos diferentes níveis que o compõem, através da retirada de matéria orgânica datada por C14”.
Além da datação das minas, será ainda realizada uma análise polínica para ajudar a perceber a estrutura paleoambiental daquela região, ou seja, que tipo de cultivo se registava à data, se havia gado, que tipo de arvoredo predominava, entre outras coisas.
O Município de Penamacor também refere que foi feita outra escavação num antigo acampamento romano de caráter temporário e que foi sendo destruído com o avanço da mina.
“Este acampamento foi, provavelmente, estabelecido pelos militares no início dos trabalhos mineiros”, acrescenta a nota.
O projeto de estudo das Minas de Penamacor é dirigido por Brais X. Currás, investigador da Universidade de Coimbra, e por F. Javier Sánchez-Palencia, professor de investigação do Consejo Superior de Investigaciones Científicas, sediado em Espanha.
De acordo com o referido, o trabalho enquadra-se no projeto de Aurifer Tagus, que visa o estudo da exploração das minas do ouro durante a época romana na Lusitânia, contando com financiamento dos “Proyectos Arqueológicos en el Exterior”, do ministério de Cultura do governo espanhol.
“Enquadra-se, igualmente, no projeto de pós-doutoramento de Brais X. Currás e integra o projeto CORVS do ministério de Ciência de Espanha e do projeto IGAEDIS, dirigido pelas Universidades de Coimbra e Nova de Lisboa. A Câmara Municipal de Penamacor é parceira da iniciativa, resultado do trabalho que o município tem vindo a desenvolver no âmbito da valorização e conservação dos Geossítios que foram identificados à data da integração deste território no Geopark Naturtejo, que integra a rede de geoparques mundiais da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)”.