Frigorífico vazio, contas a zero e despesas para pagar. É esta a realidade de muitas famílias a quem a Covid-19 mudou, radicalmente, a vida. Aos que precisavam de apoio juntam-se, agora, muitos mais que passaram, também, a depender de ajuda para sobreviver. Muitos dos que tinham situações laborais precárias e irregulares ficaram sem nada.
“A situação é muito difícil”, confirmou, ao JF, Paulo Pinheiro, do Banco Alimentar da Cova da Beira, onde têm chegado relatos dramáticos de quem depende dos outros para matar a fome.
“As dificuldades estão a aumentar por todo o lado e a somar a tudo isso a próxima campanha de recolha de alimentos foi suspensa por causa da Covid-19. Temos muito mais pedidos de ajuda e muitos deles são de novas famílias que nunca tinham recorrido ao Banco Alimentar”, conta o responsável,dando como exemplo o caso de um voluntário que participava nas campanhas e que, agora, também ele já precisa de ajuda.
“Disse-me que já não tinha nada no frigorífico para dar à família, mas antes desta crise tinha um nível de vida típico da classe média”. O Banco Alimentar da Cova da Beira ajuda cerca de três mil pessoas em cerca de treze concelhos da região.
Em Castelo Branco, a Caritas desempenha um papel vital, acudindo às situações mais dramáticas. Às que já existiam e àquelas que estão a afundar-se por causa da crise. À porta da instituição batem cada vez mais famílias, sabendo que a resposta é rápida, sem os entraves da burocracia.
Fátima Santos, a responsável, confirma o aumento do número de pedidos de todo o tipo, fala na provável duplicação do número de casos, mas não quer arriscar números.
“Temos tido mais pedidos de alimentos, medicamentos, vestuário, pagamento das contas da água, luz e renda, consoante as situações e graças aos parceiros. Não nos substituímos aos apoios sociais, somos um complemento”.
No Fundão, também aumentaram as necessidades, confirma a vereadora da Ação Social, Alcina Cerdeira, explicando que o Município está a apoiar 300 famílias, através da loja social e de um programa alimentar.