A primeira exposição do projeto Vivificar junta trabalhos de fotografia, vídeo ou instalações que 12 artistas desenvolveram em residências artistas realizadas no Douro, e é inaugurada a 03 de março, no Peso da Régua, foi hoje anunciado.
“Esta exposição é o resultado do trabalho que 12 artistas desenvolveram em contexto de residência artística em 12 freguesias de quatro municípios da região do Douro”, afirmou hoje à agência Lusa Virgílio Ferreira, diretor artístico da plataforma de fotografia Ci.CLO, promotora do projeto.
Ao longo de 2022, artistas durienses, nacionais e noruegueses, das áreas da fotografia, novos ‘media’ e arquitetura, estiveram a trabalhar e a viver durante seis semanas, cada, em casas de famílias locais, nos concelhos de Alijó, Lamego, Mêda, Torre de Moncorvo.
Alexandre Delmar, André Tribbensee, Fábio Cunha, Hasan Daraghmeh, Ine Harrang, João Pedro Fonseca, José Pires, Maria Lusitano, Patrícia Geraldes, Raquel Schefer, Trond Lossius e Violeta Moura foram os artistas que, durante seis semanas, viveram nas casas de embaixadores locais.
Todo o processo criativo foi acompanhado pela equipa de moderadores constituída por Gabriela Vaz-Pinheiro, Jayne Dyer, Jon Arne Mogstad e Virgílio Ferreira, e foi apoiado pelos mediadores locais.
O Vivificar partiu dos conceitos de ‘viver’ e ‘ficar’, no sentido em que nasceu com o propósito de procurar respostas criativas para o desafio da fixação populacional na região do Douro, baseadas na construção de diálogos com as comunidades e no aprofundamento de perspetivas sobre os contextos socioeconómicos, ecológicos e culturais destes territórios.
“O objetivo foi criar esta relação próxima e íntima com membros da comunidade”, disse Virgílio Ferreira, explicando que, no âmbito do projeto, os chamados embaixadores (famílias) acolheram nas suas casas os artistas.
O resultado desta experiência colaborativa pode ser vista, entre 03 de março e 29 de abril, no Museu do Douro, concelho do Peso da Régua, distrito de Vila Real. A exposição segue, depois, para a Noruega, onde será inaugurada a 15 de julho.
“No fundo são 12 lentes sobre este contexto e este território”, salientou Virgílio Ferreira.
Os trabalhos celebram a “identidade, a memória e o património, assim como a resiliência das gentes dos quatro municípios parceiros”.
A exposição, acrescentou, mostra 12 projetos de instalações, fotografias, filmes e um documentário com testemunhos dos elementos da comunidade que se envolveram no projeto e é uma “visão coletiva do trabalho que foi desenvolvido”.
“O que vamos ver no Museu do Douro é um resumo desse trabalho porque, de cada uma destas residências, resultou uma exposição específica do contexto onde eles estavam a trabalhar”, referiu.
A mostra conclui a primeira edição do Vivificar, que foi organizado e produzido pela plataforma Ci.CLO, financiado pela EEA Grants e operado pela Direção-Geral do Património Cultural, mas, segundo Virgílio Ferreira, já se está a trabalhar numa segunda edição do projeto.
Na sua opinião, a iniciativa teve impacto a nível local e ativou “uma energia”, apontando como exemplo a criação de grupos em resultado da dinâmica entre artista e comunidade, como na Coriscada (Meda) ou em Alijó.
As exposições locais tiveram os mais diferentes palcos, como antigas escolas primárias, um cineteatro desativado há vários anos, entre outros.
O Vivificar enquadra-se no concurso “Connecting Dots – Mobilidade Artística e Desenvolvimento de Públicos”, do Programa Cultura, no âmbito dos EEA Grants, mecanismo financeiro, criado com o objetivo de reforçar as relações bilaterais entre os estados-membros da União Europeia Europa e a Islândia, o Liechtenstein e a Noruega, membros do Espaço Económico Europeu (EEE).
A Ci.CLO, responsável pela organização, produção e curadoria da Bienal Fotografia do Porto, é uma estrutura independente de pesquisa e criação, na área da fotografia e sua interação com outras disciplinas artísticas, ambientais e sociais.