Requalificação de áreas degradadas e prevenção de incêndios florestais na Serra da Estrela

A URZE – Associação Florestal da Encosta da Serra da Estrela, com sede em Gouveia, está a implementar o PRADSE – Projeto de Requalificação de Áreas Degradadas da Serra da Estrela.

Trata-se de um projeto de intervenção em 20.000 hectares (o que corresponde a aproximadamente dois terços da área degradada do PNSE – Parque Natural da Serra da Estrela) e que tem um horizonte temporal de 20 anos. Segundo o coordenador técnico, Rui Xavier, o projeto tem como objetivo “a defesa do território contra incêndios visando a devolução à Serra do mosaico paisagístico que já a caracterizou, a recuperação e/ou requalificação de áreas ardidas/degradadas (floresta e pastagens), o regresso dos pastores às cumeadas da Serra da Estrela, proporcionar condições de reintrodução de gado ovino e caprino autóctone, e gerar condições de empregabilidade e de riqueza para a região. A intervenção visa a recuperação de 18.000 hectares de áreas florestais (áreas ardidas e áreas degradadas ainda passiveis de recuperação e áreas com regeneração natural) bem como a instalação e melhoria de 2.000 hectares de pastagens. Com o PRADSE “pretende-se, ainda, a construção de abrigos de montanha para pastores e gado, a instalação de bebedouros e cercas, a compra e troca de gado em favorecimento das espécies autóctones, a concepção de uma sala de ordenha móvel para efectuar a ordenha na Serra, evitando a deslocação dos rebanhos”, segundo Rui Xavier. O coordenador técnico lembra que o projecto começou a ser delineado em 2009 e teve uma primeira fase de execução em 2010/2011, em parceria com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, com o delinear e aplicação de um inquérito aos visitantes da Serra da Estrela para quantificação dos benefícios deste projeto através da recolha de informação sobre o seu valor para os beneficiários da paisagem (turistas) e na tentativa de obter informação sobre o valor dos benefícios económicos dos serviços de ecossistema e de recreio proporcionados pelo projecto. “Até ao momento, a URZE iniciou o trabalho de instalação de pastagens em altitude (110 hectares) e efectuou fogo controlado, para renovação de pasto, em 55 hectares. Estabeleceu acordos de colaboração com proprietários de rebanhos (num total de 400 cabeças) que assumiram o compromisso de, no período estival, levarem o gado para esses territórios”, referiu o responsável ao Jornal A Guarda. E acrescentou: “Estabeleceu também acordos com os baldios das Aldeias e de S. Pedro, ambos no concelho de Gouveia. Está também prevista a criação de áreas de pastagem dentro de ZIF – Zonas de Intervenção Florestal, numa situação de meia encosta para pastoreio na fase primaveril”. Na outra vertente do projeto, que visa a recuperação de 18.000 hectares de áreas florestais, a URZE, na qualidade de entidade gestora de Zonas de Intervenção Florestal, “efetuou já diversas candidaturas a projectos comunitários no sentido de promover a recuperação destes espaços e que aguardam ainda aprovação”, indicou o responsável. Rui Xavier lembrou ainda que o PRADSE valeu à URZE o prémio “Dryland Champions” 2013, galardão atribuído pela Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação a organizações que têm contribuído para o combate à degradação do solo, à desertificação e à seca.

 


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