Quercus alerta para ameaças na área do Parque Natural da Serra da Estrela

Serra da Estrela

A associação ambientalista Quercus denunciou hoje que a pressão turística e a implementação de infraestruturas “põem em causa” os valores naturais do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE), que comemora 38 anos.

Em comunicado, a associação faz uma retrospetiva do que foi feito de positivo e negativo nesta área protegida e traça cenários com base na definição de ameaças e na identificação de oportunidades. A Quercus alerta que, ao longo dos anos, o PNSE tem vindo a ser afetado “por vários fatores que degradam os ecossistemas e colocam em causa os objetivos propostos aquando da sua criação, sendo disso exemplo os impactes provocados pelas atividades humanas”. Destaca “o aumento da pressão turística e urbanística” nas Penhas da Saúde e em Videmonte e “a implementação de infraestruturas, como parques de campismo, redes viárias para acesso e estacionamento na Torre”. Equipamentos turísticos na Torre, Lagoa Comprida e Penhas Douradas/Vale do Rossim, a instalação de parques eólicos e de linhas de transporte de energia e a extração de inertes, são outras das ameaças detetadas. Na nota enviada hoje à agência Lusa é referido que a área do PNSE também tem vindo a sofrer “alterações significativas” nos setores da agricultura e da silvicultura, “com o abandono das práticas tradicionais e a intensificação e industrialização”. Este cenário, segundo a Quercus, aliado a uma elevada frequência de incêndios, “tem implicado a destruição de alguns dos últimos redutos da floresta autóctone”. O parque é ainda afetado “por vários fatores de ameaça”, como a captura ilegal de espécies da fauna e flora, a plantação de espécies exóticas e a sobre-exposição de aquíferos. Aquela entidade aponta igualmente “o excesso de concentração de visitantes em zonas sensíveis, a prática ilegal de desportos de natureza todo-o-terreno, o montanhismo e esqui, e pressões para abertura da via intermunicipal Videmonte-Lagoa Comprida, do túnel de atravessamento da serra e para a construção de uma nova barragem para abastecimento público”, no concelho da Covilhã, “sem uma justificação plausível”. No comunicado, reitera a necessidade da aplicação de medidas de gestão “que permitam articular o turismo, o ordenamento do território e o desenvolvimento local das populações com a manutenção e o restauro dos ecossistemas naturais”. Entre as medidas propostas estão a alteração da política de ordenamento florestal, a gestão sustentada da atividade cinegética e a criação de programas de incentivos e de apoio às práticas agrícolas tradicionais. “É importante, também, adotar uma estratégia que contrarie o recorrente ciclo de incêndios, com a recuperação da floresta autóctone”, aponta. A Quercus exige ainda o alargamento da área do PNSE com a inclusão do Souto de Famalicão, uma referência “de interesse para a botânica”. O PNSE abrange a totalidade do concelho de Manteigas e parte dos municípios de Celorico da Beira, Covilhã, Gouveia, Guarda e Seia.


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