Fundação Côa Parque diz que novas descobertas confirmam aposta na investigação

O presidente da Fundação considera que “é muito gratificante e estimulante perceber que é possível continuar a descobrir novas manifestações artísticas do passado pré-histórico”.

O presidente da Fundação Côa Parque disse hoje que a revelação de descobertas arqueológicas no Vale do Côa vem confirmar um novo dinamismo e uma nova aposta na área da investigação no Parque Arqueológico e Museu do Côa.

“Depois de no ano passado termos ficado a saber dos importantes vestígios da presença do Homem de Neandertal, no ano sítio da Cardina, neste ano, em que se assinala o vigésimo aniversário da classificação da Arte do Côa como Património da Humanidade, é muito gratificante e estimulante perceber que, mesmo num dos sítios mais conhecidos do Parque Arqueológico, é possível continuar a descobrir novas manifestações artísticas do passado pré-histórico”, explicou à Lusa o presidente da fundação, Bruno Navarro.

Para aquele responsável, o projeto cultural do Vale do Côa é, antes de mais, um projeto assente no trabalho arqueológico de estudo, salvaguarda e preservação deste património.

“Estamos a trabalhar para que os próximos anos sejam anos de grande atividade na investigação científica, em cooperação com as universidades e os institutos politécnicos, não apenas na área da arqueologia, mas também em outros campos do conhecimento, direta ou indiretamente relacionados com o imenso património cultural e natural que existe neste território”, frisou.

No último ano foram revelados vestígios da presença do Homem de Neandertal no sítio da Cardina/Salto do Boi, e agora, a descoberta de figuras rupestres de um período mais recente da Arte do Côa do que a maioria das rochas do sítio, com 25 mil a 28 mil anos.

Em junho, uma equipa multidisciplinar colocou a descoberto, no Vale do Côa, provas que mostram “com clareza” que o Homem de Neandertal ocupou de forma continuada aquele território antes da chegada do ‘homo sapiens sapiens’.

“A presença continuada do homem de Neandertal, em acampamento ao ar livre, no Vale do Côa, ficou comprovada com este registo arqueológico, composto para sondagens arqueológicas, o que torna este sítio único na Europa”, afiançava, na altura, o arqueólogo Thierry Aubry, um dos especialistas da Fundação Côa Parque envolvidos na investigação.

Para os investigadores, ao longo das várias camadas evidenciadas nas sondagens arqueológicas feitas no lugar do Salto do Boi/Cardina, é possível perceber que o Homem de Neandertal e o ‘homo sapiens sapiens’ ocuparam o mesmo sítio durante milhares de anos, de forma contínua, o que permite comparar o seu modo de vida e dar um contexto à arte rupestre do Côa.

Na passada semana, foi colocada a descoberto uma nova rocha com gravuras rupestres, no sítio da Penascosa, no Parque Arqueológico do Vale do Côa.

Segundo os especialistas, os motivos desta nova rocha apresentam um estilo que é mais característico de fases mais recentes do Paleolítico Superior, com uma idade de 18 mil a 12 mil anos, do que os da maioria das rochas do sítio, com 25 mil a 28 mil anos.

O parque está inserido num território de 20 mil hectares que abrange os concelhos de Vila Nova de Foz Côa, Figueira de Castelo Rodrigo, Meda e Pinhel.

A arte rupestre do Côa, inscrita na Lista do Património Mundial da UNESCO desde 1998, foi uma das mais importantes descobertas arqueológicas do Paleolítico Superior, nos finais do século XX, em toda a Europa.

Aquando da descoberta da “Arte do Côa”, em 1994, os arqueólogos portugueses asseguraram tratar-se de manifestações do Paleolítico Superior (20 a 25 mil anos atrás) e estar-se perante “um dos mais fabulosos achados arqueológicos do mundo”.

O Parque Arqueológico do Vale do Côa foi inaugurado a 10 de agosto de 1996.


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