Filme da UBI já percorreu quatro continentes

“Sussurro”, realizado pelo docente Fernando Cabral, esteve na Índia no final de agosto e, este mês, regressa ao México. Na América do Sul, já foi premiado e tem sido muito bem acolhido. No total, foi exibido em 23 mostras ou festivais de cinema, o que faz dele um dos trabalhos de elementos da licenciatura de Cinema com maior visibilidade.

Uma mulher, a filha, um marido – e pai – que está ausente, desejos e medos. São estes os elementos da curta-metragem “Sussurro”, realizada em 2014 pelo docente da Universidade da Beira Interior (UBI), Fernando Cabral, que já percorreu o mundo. No final de agosto esteve em exibição na Índia e segue este mês para o México, onde integrará a Seleção Oficial de Curtas Metragens de Ficção, no Cinetekton Film Fest 2015. Mais duas presenças numa lista de 23 festivais ou mostras onde a produção “made in UBI” entrou nas escolhas dos organizadores.

“Sussurro” foi o projeto final de mestrado em Cinema do docente da Faculdade de Artes e Letras (FAL), que veio estudar esta área para a Covilhã com toda a convicção. Em 2007, no final do Ensino Secundário, apenas se candidatou a um curso e a uma universidade.

Na UBI, deu sequência à paixão pela área artística e pelo cinema, que lhe permite concretizar um desejo: contar histórias. Quando se deseja contar histórias, é necessário público e, por isso, quis mostrar a produção às pessoas. “Não queria que ficasse na gaveta, porque não o fiz para mim”, salienta o realizador, lembrando que contactou muitos certames, “porque é preciso lutar pelos objetivos”. Este está a ser alcançado.

“Sussurro” é um dos filmes com a chancela da UBI com maior número de presenças em eventos da especialidade e já foi visto em quatro continentes. Portugal, Espanha e Albânia (Europa), Índia (Ásia), Cabo Verde (África) e América. Nesta zona do globo, há duas particularidades a registar: nos Estados Unidos, na cidade de Chicago, foi exibido num festival de cinema irlandês. “Foi o único selecionado de fora da Irlanda, porque a organização gostou da qualidade que apresenta”, explica Fernando Cabral.

É na América do Sul que o trabalho deste madeirense de 28 anos tem tido maior aceitação. Vai ao México, já esteve três vezes na Colômbia e venceu o prémio de Melhor Curta internacional no 4º Festival Nacional de Cine Estudiantil, no Uruguai, em 2014.

“Se puder falar de uma categoria, insere-se no realismo mágico. A mistura desses elementos está muito presente na cultura sul-americana e talvez se explique desta forma o sucesso que tem tido nesses países”, considera ao autor do trabalho que foi orientado por Luís Nogueira e protagonizado pela atriz Carla Maciel, no papel de Letícia, a mãe, e Ana Filipa Pedro.

Ao longo dos 15 minutos de duração de “Sussurro”, Fernando Cabral – que realizou, escreveu o argumento original e fez parte da produção –, há sacos onde as personagens guardam os desejos e os medos. Dirigido a crianças e adultos, passa “uma mensagem de esperança”, define o autor: “Diz que é preciso acreditar, hoje em dia. E, noutro plano, eu acredito que o cinema tem este poder de transformação. Foi por isso que vim para Cinema e para explorar estes universos mágicos e realistas”.

Confessa, no entanto, que não esperava que este primeiro trabalho tivesse a recetividade que teve. Sublinha que “se trata de um filme de estudante”, que teve na equipa colegas de curso e alguns estudantes, nas várias funções necessárias até chegar ao resultado final. “Tinha a noção que era um filme com características próprias que tornam difícil entrar nos festivais. Por causa do nível técnico, por não ter profissionais e porque estava a aprender”, afirma.

Aprendizagem que continua, tal como o projeto em que se insere “Sussurro”. “É um dos trabalhos que quero que faça parte de um trilogia, que chamarei de ‘Cachecol Amarelo’. Pretendia iniciar a rodagem de outro este mês, mas o processo criativo não está finalizado”, diz Fernando Cabral, que tem ainda em mente a realização de mais três: uma curta, uma longa metragem e um documentário, “sempre com a ideia do realismo e da magia em mente”. No futuro, o desejo é continuar na área: “Não necessariamente na realização, mas sempre ligado à Sétima Arte”.

Para já, continuará a lecionar na UBI disciplinas sobre fotografia, imagem e iluminação, num curso que apesar de relativamente recente, já é reconhecido fora de portas.

“Há muitas pessoas em Lisboa e do Porto que vêm para cá propositadamente estudar cinema. Mais do Norte, talvez porque em Lisboa há escolas privadas. Quando elementos da UBI vão às mostras, há sempre elogios, porque os filmes têm subido de qualidade nos últimos anos. A Universidade também vai adquirindo novos equipamentos e ajuda a melhorar as produções dos alunos que veem muito cinema, trazem esse entusiamo e isso reflete-se”, conclui.


Conteúdo Recomendado