“Esta abertura [das fronteiras] é importante para os nossos territórios”, disse hoje António José Machado à agência Lusa.
O autarca ainda espera “que haja uma clarificação” da parte das autoridades dos dois países relativamente à data da reabertura das fronteiras, mas reage com “satisfação” ao anúncio feito hoje pela ministra da Indústria, Comércio e Turismo espanhola, Reyes Maroto.
“No caso de França e de Portugal, quero confirmar que a partir de 22 de junho as restrições à mobilidade terrestre serão eliminadas”, disse a ministra, num encontro com a imprensa internacional, acrescentando que, “em princípio, as quarentenas serão eliminadas”.
Segundo o presidente do município de Almeida, onde se situa a fronteira de Vilar Formoso/Fuentes de Oñoro, o anúncio é recebido com “satisfação por parte de quem sente os territórios de fronteira”.
“Sem dúvida que a nossa restauração e a nossa parte comercial ansiavam [pela reabertura das fronteiras], para reatarmos as nossas relações transfronteiriças e as trocas comerciais que são diárias”, justificou.
António José Machado lembrou que participou em fóruns com as várias Eurocidades que abrangem territórios de ambos os países e a reabertura das fronteiras “era uma reivindicação que estava a ser feita há quase um mês”.
A manterem-se as fronteiras fechadas por mais tempo, “seria muito complicado para as casas comerciais, estabelecimentos de restauração e de serviços” de ambos os territórios, admitiu.
O Governo espanhol antecipa assim a data de abertura das fronteiras em uma semana, depois de ter anunciado em 25 de maio que ia levantar as restrições ao movimento de pessoas, nomeadamente a turistas estrangeiros, apenas em 01 de julho.
Contudo, o ministro dos Negócios Estrangeiros português já se manifestou surpreendido com o anúncio por Espanha de uma reabertura da fronteira comum a 22 de junho e sublinhou que quem decide sobre a reabertura da fronteira portuguesa “é naturalmente Portugal”.
“Fomos surpreendidos com estas declarações da ministra responsável pelo Turismo [de Espanha], que ‘anuncia’ a reabertura da fronteira entre Portugal e Espanha para o próximo dia 22 de junho”, disse Augusto Santos Silva à Lusa, frisando que o anúncio “não se inscreve” no quadro de “cooperação estreita” entre os dois Governos para a gestão da fronteira comum.
“Quem decide sobre a abertura da fronteira portuguesa é naturalmente Portugal e Portugal quer fazê-lo em coordenação estreita com o único Estado com o qual tem uma fronteira terrestre, Espanha”, acrescentou, precisando que já estão a ser pedidos “esclarecimentos ao Governo de Espanha”.
As autoridades espanholas encerraram as fronteiras em meados de março, com a entrada em vigor do estado de emergência, exceto a residentes, trabalhadores transfronteiriços e camionistas, a fim de impedir a propagação do coronavírus.