Eu até simpatizava com este Ministro, que não precisava gritar para se fazer ouvir, e que, precisamente quando a crise financeira começava seriamente, decretara por cá o fim da crise. Nada melhor para se ouvir. O pior é que a partir de então a crise se agudizou da forma como se conhece. Também se lhe conheciam defeitos comuns aos vulgares cidadãos (terá sido apanhado a conduzir a velocidades estonteantes. Quem não o foi já?!) e terá mandado comer “farinha maizena” aos adversários políticos, na falta de melhores argumentos.
Falta saber se caso o endividamento nacional não ultrapassasse já a totalidade do PIB, se o défice público não estivesse enorme como nunca, se o desemprego não atingisse 1 em cada 10 portugueses e se as exportações e o investimento não caíssem vertiginosamente; falta saber, se nesse caso o Ministro perderia igualmente a cabeça num debate sobre o estado a que as coisas chegaram e ofenderia toda uma bancada parlamentar e todos os portugueses.
O navio da nossa economia caminha em águas turbulentas e as dificuldades são enormes, reconhecidamente umas endógenas e outras decorrentes da crise internacional, mas o certo é que o momento exigia um timoneiro à altura. E agora, na ponte do navio, nem almirantado nem tão pouco rota definida. Ficamos com a sensação que a deriva vai continuar, pelo menos até Setembro (já aqui se escreveu que não seriam tomadas decisões neste período pré-eleitoral, e se novo Ministro da Economia não vier a ser prontamente nomeado, significará, em nossa humilde opinião, que assim é).
O desnorte é algo de perigoso em todas as áreas, mas na governação é algo de profundamente temível. O país que já evidenciava um rumo económico difícil, está agora sem timoneiro da economia. Oxalá os ventos possam soprar de favor, o que não é expectável aconteça para já, não obstante o Ministro das Finanças também queira antecipar as boas novas de ditar o fim da crise, como afirmou por estes dias. Quem não gostaria de decretar o fim da dita?!