O Presidente marcou as Legislativas para 27 de Setembro e o Governo marcou as Autárquicas para 11 de Outubro, dois “circos”, duas campanhas, duas lutas, dois movimentos, tão desgastantes e caros quanto desnecessária a sua realização em momentos diferentes.

Num ano particularmente rico em episódios e campanhas eleitorais, por entre Europeias, Legislativas e Autárquicas, a economia portuguesa teima em não avançar, antes se conhecendo novos sinais de que o Verão vai aproximar mais problemas e seus efeitos; queira-se ou não reconhecer como acertados os prognósticos da OCDE, que por cá o Banco de Portugal se apressa a contradizer, por os achar demasiado pessimistas. Prevê a OCDE uma quebra de 4,5% no PIB, um Défice de 6,5%, uma quebra de 21,5% nas Exportações e 9,6% de taxa de Desemprego.Sinceramente, não fico nada descansado que o BP esteja mais optimista. Vítor Constâncio não me dá hoje qualquer sinal de certeza ou segurança quanto ao real sentido da nossa economia. A Instituição e o dirigente estão hoje com significativo défice de credibilidade face ao histórico próximo. Prefiro pois os números da OCDE, ainda que nos doam mais, sempre serão objectivos e desinteressados, alheados de qualquer cosmética. Mais verdadeiros, pois! Quem não quer saber a verdade?!

Vamos para Verão, e aqui só o turismo, a hotelaria e a restauração vão conhecer algum crescimento, muitos outros sectores continuarão à espera de melhores dias. Vai por isso ser um Verão de muitas dificuldades e desemprego. Contudo, transversal a esse período, vamos ter a “algazarra” própria de dois actos eleitorais, com reflexos na produtividade, no adiar de decisões, no renovar de promessas de um amanhã melhor.

O Presidente marcou as Legislativas para 27 de Setembro e o Governo marcou as Autárquicas para 11 de Outubro, dois “circos”, duas campanhas, duas lutas, dois movimentos, tão desgastantes e caros quanto desnecessária a sua realização em momentos diferentes. O país não estava já preparado para diferenciar os actos eleitorais, realizando os dois actos no mesmo dia, combatendo-se a abstenção e o despesismo?! Ainda somos imaturos nestas andanças da democracia?!

Foi uma decisão política e por isso os efeitos também em política se revelarão. Quem sabe não poderá estar aberto um espaço de candidatura presidencial mais à “direita”, já que o Prof. Cavaco não parece ter dado, na marcação do acto eleitoral, um sinal mais próximo da sua coerência e pensamento, antes parecendo preocupar-se mais com uma reeleição, que o mesmo é dizer, colocar um interesse próprio acima do interesse geral. Ora, em matéria da reeleição, surgindo alguém à direita que possa obrigar a uma segunda volta… Pode fazer perigar qualquer estratégia presente.

Ora, esse fato não assenta bem à imagem de austeridade do Professor e se a economia por cá continuar a divergir dos parceiros europeus e, se a exageradamente longa campanha eleitoral vier a contribuir para o agravar das coisas, aí, o Presidente terá de esforçar-se por fundamentar melhor o seu gesto de hoje.