Vamos para Verão, e aqui só o turismo, a hotelaria e a restauração vão conhecer algum crescimento, muitos outros sectores continuarão à espera de melhores dias. Vai por isso ser um Verão de muitas dificuldades e desemprego. Contudo, transversal a esse período, vamos ter a “algazarra” própria de dois actos eleitorais, com reflexos na produtividade, no adiar de decisões, no renovar de promessas de um amanhã melhor.
O Presidente marcou as Legislativas para 27 de Setembro e o Governo marcou as Autárquicas para 11 de Outubro, dois “circos”, duas campanhas, duas lutas, dois movimentos, tão desgastantes e caros quanto desnecessária a sua realização em momentos diferentes. O país não estava já preparado para diferenciar os actos eleitorais, realizando os dois actos no mesmo dia, combatendo-se a abstenção e o despesismo?! Ainda somos imaturos nestas andanças da democracia?!
Foi uma decisão política e por isso os efeitos também em política se revelarão. Quem sabe não poderá estar aberto um espaço de candidatura presidencial mais à “direita”, já que o Prof. Cavaco não parece ter dado, na marcação do acto eleitoral, um sinal mais próximo da sua coerência e pensamento, antes parecendo preocupar-se mais com uma reeleição, que o mesmo é dizer, colocar um interesse próprio acima do interesse geral. Ora, em matéria da reeleição, surgindo alguém à direita que possa obrigar a uma segunda volta… Pode fazer perigar qualquer estratégia presente.
Ora, esse fato não assenta bem à imagem de austeridade do Professor e se a economia por cá continuar a divergir dos parceiros europeus e, se a exageradamente longa campanha eleitoral vier a contribuir para o agravar das coisas, aí, o Presidente terá de esforçar-se por fundamentar melhor o seu gesto de hoje.