Um formador de tributação de ganhos no mercado de futuros ensinava-nos que a Bolsa era um investimento e não um jogo, e que só nós, os portugueses, é que utilizávamos a expressão “jogar na Bolsa”. De tempos a tempos ocorre-me a sua lição e, ainda hoje, confesso, não sei se é efectivamente um investimento ou se um jogo.
O certo é que a nossa Bolsa é diferente das outras. Nós portugueses somos tão peculiares, que às vezes até nos vangloriamos das nossas especificidades, ainda que elas ditem “vermelho” quando outros circulam no “verde”. Não são de hoje os lugares cimeiros nas taxas de abandono escolar, agravamento da pobreza, etc.; mas também os mesmos lugares cimeiros no preço da energia, das comunicações, dos automóveis e dos baixos salários e rendimentos. Não são de hoje, mas é hoje que mais se sentem as disparidades e os agravamentos.
Na Bolsa passa-se exactamente o mesmo. Algo de irracional e de inexplicável a aprendizes de economia, logo, só entendível por jogadores. Só um jogo pode ditar estes resultados. Lembram-se das OPAs do BCP e do BPI? Recordam-se dos valores que cada banco ofereceu pelo outro ainda há bem pouco tempo? Pois bem, hoje os dois bancos juntos não valem o que então cada um oferecia pelo outro! E depois ainda dizem que não é um jogo…