Vender o que não se tem?

Quando nos inteiramos dum comentário de Bolsa, esperamos aferir do que outros pensam sobre uma determinada situação e também obter uma dica que nos permita alavancar uns ganhos. Nos tempos que correm, uns ganhos viriam mesmo a calhar, tal é o volume das perdas acumuladas dos que já tiveram acesso a estes comentários.
O certo é que alguns estão a ganhar com esta situação já aflitiva para outros. Refiro-me aos mais atentos e conhecedores dos sinais da conjuntura. Ou seja, os que “apostaram” na queda das Bolsas e recorreram ao chamado “short selling” (venda de títulos que não se tem para os recomprar mais tarde a um preço inferior). Complicado? Vender o que não se tem? Pois bem, nas Bolsas de derivados ou de futuros tal negócio é possível e tem sido rentável para quem apostou na baixa dos índices.
Só para terem uma ideia, fala-se em investimentos na ordem dos 630 mil milhões a apostarem na baixa dos títulos. E depois ainda queremos ver a Bolsa subir!
Contudo, por cá, há quem afirme ser este um bom momento para entrar (normalmente o Verão não é bom período para entradas dada a baixa liquidez e reduzido número de transacções), mas o certo é que entendidos como o George Soros vão alertando para reflexos menos bons desse pesadelo do “sub prime”, que anda a avultar prejuízos por toda a banca. Nos Fundos de Pensões a nossa banca perdeu mil milhões, com provável novo rombo nas contas dos bancos portugueses.
Entretanto, o BPI anunciou recentemente prejuízos de 73 milhões no 2.º trimestre, ao mesmo tempo que vai saindo do capital do BCP, vendendo milhões de acções (de quem chegou a ser um dos maiores accionistas) e depois ainda se admiram que o título BCP tenha caído tanto…