O projeto Fortific-Arte, impulsionado pelo Consórcio Transfronteiriço de Cidades Amuralhadas, que integra o município de Almeida e o Ayuntamiento de Ciudad Rodrigo (Espanha), contribuiu para animar e para divulgar o território de ambos os lados da fronteira.
O Fortific-Arte – plano de promoção, valorização e investigação do património cultural dos centros históricos fortificados da área transfronteiriça luso-espanhola – começou em 2017 e termina em dezembro deste ano.
Entre as várias ações desenvolvidas e apoiadas pelo Fortific-Arte estão uma exposição sobre as fortificações do período visigótico (Ciudad Rodrigo, Espanha) e recriações sobre as guerras peninsulares (Almeida, Portugal).
Foram também promovidos intercâmbios culturais e realizados espetáculos musicais em ambos os territórios transfronteiriços, assim como ações de pesquisa e de estudo do património arquitetónico fortificado.
O presidente da Câmara Municipal de Almeida, António José Machado, e Beatriz Jorge, vice-presidente do Ayuntamiento de Ciudad Rodrigo, fizeram à agência Lusa um balanço positivo da iniciativa conjunta.
Na reta final do projeto, Beatriz Jorge referiu que o balanço é mesmo “mais que positivo”, pois sendo o Fortific-Arte “o quinto projeto do Consórcio [Transfronteiriço de Cidades Amuralhadas] é um projeto muito mais específico, com uns objetivos mais concretos, sem serem simplesmente turísticos”.
Beatriz Jorge explicou que, com os fundos comunitários, em Ciudad Rodrigo foi produzida uma exposição sobre a época visigoda, “muito pouco estudada”, e foi possível “recuperar uma parte dessa época histórica”.
Outro dos objetivos passou pela “divulgação do património e das tradições”, tendo sido organizado um festival hispano-luso de folclore que destacou os valores culturais de ambos os lados da fronteira.
A autarca espanhola assume que, se não fossem os fundos europeus, seria “complicado” realizar algumas das iniciativas promovidas no âmbito do Fortific-Arte, pelo que lamenta que o projeto não tenha continuidade.
No entanto, Beatriz Jorge acredita que os municípios de Almeida e de Ciudad Rodrigo encontrarão outras formas para continuarem o trabalho iniciado em 2017.
O presidente da Câmara Municipal de Almeida, António José Machado, disse à agência Lusa que o Fortific-Arte permitiu “dar continuidade” ao trabalho que estava a ser desenvolvido pelo Consórcio Transfronteiriço de Cidades Amuralhadas, que surgiu em 2006.
“Conforme o nome indica, tratou-se mais a fundo as fortificações, o estudo sobre as fortificações, mas também a parte cultural, a parte artística”, explicou.
Como exemplo, o autarca referiu a promoção de encontros de coros polifónicos, que incluíram a realização de espetáculos em várias localidades do concelho de Almeida, como Nave de Haver, Malpartida e Freixo.
A autarquia portuguesa deu prioridade às freguesias rurais na animação musical, para que os seus habitantes tivessem “oportunidade de verem artistas e grupos” de renome.
O projeto Fortific-Arte foi cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) em 75% através do Programa INTERREG V-A Espanha-Portugal (POCTEP) 2014-2020.
Segundo os promotores, envolveu um investimento global de 570 mil euros e teve um financiamento do FEDER de 427 mil euros.