Dois empresários dos concelhos da Figueira da Foz e de Tábua, distrito de Coimbra, entregaram ontem aos bombeiros do interior centro do país 2,5 toneladas de peixe e fruta, destinadas às populações afetadas pelos incêndios.
Fernando Tavares Pereira, empresário do setor frutícola, residente em Midões, Tábua, uma das povoações afetadas pelos incêndios, disponibilizou 1,5 toneladas de maçã e António Lé, armador de pesca, carregou cerca de uma tonelada de sardinha e carapau e ambos foram ontem de corporação em corporação de bombeiros entregar, em mão, a fruta e o peixe.
“Entregámos aos bombeiros para que distribuam às populações, nós não tínhamos condições para isso e eles conhecem o terreno. É pouca coisa, mas é o que podemos dar neste momento”, disse à agência Lusa Fernando Tavares Pereira.
O empresário contou que a ideia surgiu quarta-feira, depois de uma conversa com o amigo António Lé. Ontem, carregaram duas carrinhas e fizeram-se à estrada, passando por mais de uma dezena de corporações de bombeiros de Penacova, Arganil, Seia, Gouveia e Oliveira do Hospital e terminam esta sexta-feira em Tábua.
Fernando Tavares Pereira foi, ele próprio, afetado pelos incêndios do passado domingo, que lhe queimaram parte de uma produção agrícola e uma habitação.
“Foi uma decisão espontânea de duas pessoas que se conhecem, uma que foi afetada pelos incêndios e eu, enquanto figueirense, representante de uma comunidade piscatória habituada ao sofrimento. É uma ajuda dos pescadores da sardinha, partilhar com os que mais precisam o que a nossa costa nos dá”, resumiu, por seu turno, António Lé.
As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram 43 mortos e cerca de 70 feridos, mais de uma dezena dos quais graves.
Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas, sobretudo nas regiões Norte e Centro.
O Governo decretou três dias de luto nacional, entre terça-feira e hoje.
Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, em junho, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 mortos e mais de 250 feridos. Registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.