Manuel Botelho, de 75 anos, antigo agente da PSP e ferrador de animais, contou à agência Lusa que junta peças antigas há mais de 40 anos.
O acervo distribuído pelo interior da garagem, pelas paredes e também pelo teto, é formado por várias centenas de objetos que o reformado comprou e recolheu junto de amigos e de conhecidos.
Capacetes, chapéus e fardas militares e policiais de vários países, motorizadas, bicicletas, rádios, rodas de carros de bois, artefactos agrícolas (arados, cangas, manguais, jugos, arreios de animais, ferraduras, etc.), utensílios domésticos (candeias, candeeiros, lanternas, relógios, loiças, etc.), são alguns dos acessórios reunidos por Manuel Botelho, também conhecido na terra por Manuel “Ferrador”.
O colecionador referiu à Lusa que começou a juntar peças antigas “por gosto” e que nunca mais parou, tendo reunido “coisas velhas” que lhe davam e também comprado “muita coisa”.
A acomodação dos objetos na garagem chegou a ser de tal ordem, que o polícia reformado viu-se obrigado a vender alguns e a distribuir as motorizadas e as bicicletas por duas arrecadações.
Atualmente tem 15 motorizadas antigas, mas lembra que chegou a ter cerca de 90, por ser “doido por motos”.
“Tive que vender e deitar fora, porque tinha que meter os carros [na garagem], não podiam ficar na rua”, disse.
Das várias peças que exibe no seu museu particular diz que tem especial predileção por um antigo capacete militar oriundo de França.
“Para mim, tem um valor fantástico. É um tesouro que está ali. Pode não prestar para nada, mas [a peça] é linda, é bonita”, justificou.
Manuel Botelho sente “orgulho” por guardar as coisas antigas e satisfação por as mesmas serem apreciadas pelas crianças das escolas da região e pelos visitantes de Vila Franca das Naves.
Indicou que os alunos “adoram, gostam muito disto”, o mesmo acontecendo com os franceses e com os espanhóis.
A entrada no espaço museológico que o reformado acomoda na garagem é “gratuita”. “Não se leva nada a ninguém, isto é para o povo”, fundamenta.
Contudo, Manuel Botelho lamenta que o acervo que juntou ao longo dos anos não tenha “um sítio próprio” na terra onde vive.
“Isto precisava era de repouso, de estar num sítio onde limpassem o pó. Eu ainda vou limpando de vez em quando, para evitar que a traça e o bicho acabem com tudo”, disse.
O antigo PSP gostava que um dia muitas das suas peças pudessem figurar numa espécie de “museu etnográfico dedicado à lavoura”, para mostrar às pessoas como era a vida “no antigamente”.
Enquanto Manuel Botelho não der outro destino ao acervo museológico, continua diariamente disponível para abrir as portas da sua garagem aos visitantes.