Secretário de Estado tranquiliza produtores de queijo Serra da Estrela sobre utilização de cardo

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O secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agroalimentar, Nuno Viera de Brito, tranquilizou este sábado os produtores de queijo Serra da Estrela sobre a utilização do cardo na produção daquele produto tradicional.

Durante uma visita à feira do queijo de Seia o governante foi questionado pelos produtores e pelo presidente da autarquia sobre a diretiva europeia que determina que seja apresentado um pedido de autorização para o uso de qualquer enzima em produtos alimentares, como é o caso do cardo, utilizado na confeção do queijo tradicional daquela região.

“Entregamos no dia 24 de fevereiro próximo, o dossier na Comissão Europeia no sentido de que toda a parte analítica do cardo, que é importante não só para o queijo Serra da Estrela mas também para todos os outros queijos tradicionais, possa continuar a ser utilizado”, disse à agência Lusa o governante.

Segundo Nuno Viera de Brito, a diretiva comunitária obrigava a uma caraterização das enzimas, até 11 de março, assegurando que Portugal irá entregar o dossier “antes do prazo”.

“Vamos entregar no dia 24, vai ser analisado, mas obviamente que temos estado a fazer [o processo] em companhia com a Comissão Europeia e, portanto, sim, [os produtores] podem estar tranquilizados e continuar a produzir bem o nosso queijo da Serra”, afirmou.

O governante falou do assunto após o presidente da câmara de Seia, Carlos Filipe Camelo, ter dito que a possibilidade de o cardo deixar de ser utilizado no fabrico do queijo era um cenário “ridículo”, porque colocava em causa a sua produção pelos métodos ancestrais.

A garantia do secretário de Estado tranquilizou os produtores de queijo e também a Associação de Artesãos da Serra da Estrela que tem cerca de 700 associados nos vários setores, sendo cerca de 70 produtores de queijo.

“Estamos muitos mais descansados” disse à Lusa o seu presidente, João Amaral.

A indicação da entrega do dossiê em Bruxelas, “garante que a questão não cai em saco roto” e merece a atenção do Governo, acrescentou.

“A acontecer prescindirmos do cardo para produzir o queijo da Serra da Estrela era estarmos a viciar o jogo, era estarmos a viciar o produto e era estarmos a dar indicação àquelas pessoas que mantêm os saberes sobre esta matéria, que não vale a pena preservar tradições porque a inovação ultrapassa de forma errada aquilo que é a tradição”, declarou.

O produtor de queijo Pedro Gomes disse acreditar “que todas as entidades estão a fazer todo o esforço para tipificar” a enzima do cardo.

“Não deixaremos nunca de produzir queijo Serra da Estrela sem o cardo, que é o terceiro ingrediente fundamental, para além do leite e do sal, e, estou certo que o assunto será ultrapassado sem qualquer problema”, concluiu.

Já o produtor Élio Silva referiu que o cardo “é essencial” para a produção do queijo, por isso ficou “mais descansado” após ouvir as declarações do secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agroalimentar.


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