Viticultores queixam-se de falta de resposta para colmatar prejuízos no Douro

Após o mau tempo do início do mês, a Avidouro reclamou do Governo a “atribuição de uma ajuda financeira efetiva a todos os agricultores afetados”.

A Associação dos Vitivinicultores do Douro (Avidouro) classificou hoje como “inaceitável” a “falta de resposta” do Governo ao pedido de ajuda para colmatar os prejuízos provocados primeiro pelo granizo e depois pelos incêndios na agricultura da região.

“Esta situação é inaceitável. Estas pessoas estão constantemente a ter prejuízos e é inaceitável que não haja, até ao momento, uma resposta do Governo sobre esta matéria”, afirmou a dirigente da Avidouro, Berta Santos, durante uma conferência de imprensa realizada em Vila Real.
A responsável explicou que, no início de julho, a granizo e a chuva intensa provocaram prejuízos em vinhas, olivais e pomares de alguns concelhos do Douro. Mais recentemente foram os incêndios que provocaram também danos significativos na agricultura.

Sabemos que, numa ou noutra situação, andaram técnicos da Direção Regional de Agricultora e Pescas do Norte (DRAPN) no terreno a fazer o levantamento dos estragos provocados pelo granizo, mas, frisou, “não foi geral”.

Alberto Coutinho, viticultor em Fontes, concelho de Santa Marta de Penaguião, referiu que o granizo destruiu “cerca de 75%” dos seus 20 hectares de vinha, onde costuma produzir cerca de 200 pipas de vinho.

“A intempérie levou praticamente toda a minha colheita”, afirmou este produtor que garantiu que “nenhum técnico” da DRAPN esteve, entretanto, nas suas propriedades.

Alberto Coutinho frisou que os agricultores são “os jardineiros” do Douro Património Mundial da UNESCO, mas alertou que precisam de ajuda.
Após o mau tempo do início do mês, a Avidouro reclamou do Governo a “atribuição de uma ajuda financeira efetiva a todos os agricultores afetados”, bem como a “suspensão do pagamento das prestações mensais para a Segurança Social, sem perda de direitos”.

A organização reivindicou ainda a “criação de uma linha de crédito altamente bonificado e com carência de dois anos, para os agricultores interessados” e a “antecipação do pagamento das ajudas/subsídios comunitários da campanha de 2017”.

“Sucessivamente, ano após ano, a situação dos pequenos e médios viticultores durienses agrava-se. Há mais de uma década que é constante a sucessiva quebra do rendimento das explorações vitícolas”, salientou ainda Berta Santos.

Houve relatos de estragos na agricultura, provocados pelo granizo desde as hortícolas de Vila Pouca de Aguiar, vinha em Sabrosa e Santa Marta de Penaguião, concelhos do distrito de Vila Real, e ainda em pomares de maçãs e vinha de Armamar e Tabuaço, no distrito de Viseu.

Na semana passada, os incêndios afetaram concelhos como Alijó e Vila Nova de Foz Côa, queimando também vinhas, olivais e amendoais.
“Estamos a falar de produções agrícolas fundamentais para a nossa região”, frisou Berta Santos.

E, segundo a responsável, se estes agricultores não tiverem apoios o que se vai verificar é “cada vez mais incêndios”, porque as “pessoas não têm condições para subsistir, para voltar a investir e abandonam a agricultura”.

“A Avidouro não vai parar, a Avidouro vai continuar a sua luta porque esta gente precisa de ser ajudada, esta gente contribuiu para a economia deste país e tem sido prejudicada ano após ano”, salientou.


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