Visabeira vence concurso para o Hotel de Turismo

A decisão do júri foi confirmada à Rádio Altitude pelo presidente da Câmara da Guarda na grande entrevista que deu este fim de semana, a propósito do Dia da Cidade e do balanço da metade já decorrida do mandato autárquico.

O antigo Hotel de Turismo da Guarda poderá reabrir com a marca Montebelo, juntando-se às seis unidades no segmento de cinco e quatro estrelas que existem nos distritos de Viseu e Aveiro (a última das quais é a premiada reabilitação do complexo fabril da Vista Alegre, em Ílhavo). O grupo Visabeira Turismo é o escolhido para a negociação final com Turismo de Portugal, depois de um concurso ao qual também se apresentou grupo Memmo Hotéis (do empresário José Luís Almeida, com raízes na Guarda) e que também chegou a ter como interessado o grupo Vila Galé Hotéis. A decisão do júri foi confirmada à Rádio Altitude pelo presidente da Câmara da Guarda na grande entrevista que deu este fim de semana, a propósito do Dia da Cidade e do balanço da metade já decorrida do mandato autárquico.

Álvaro Amaro assinala assim que poderá estar para breve o desfecho de um processo para o qual «muito tenho trabalhado ao longo dos últimos dois anos». A reabertura da emblemática unidade hoteleira foi mesmo a principal promessa da campanha para as eleições autárquicas de 2013, com o agora presidente da Câmara a garantir que tudo faria para o «devolver à economia».

Resta agora saber se as alterações políticas a nível nacional vão ditar uma mudança de orientação por parte do Turismo de Portugal e da Direção-Geral do Tesouro e Finanças, as duas entidades que conduzem o concurso para a concessão da requalificação e exploração do hotel na Guarda. Isto porque o PS, agora no governo, sempre se manifestou localmente contra a privatização da unidade, no que foi acompanhado pelo PCP e, embora numa posição mais flexível, pelo Bloco de Esquerda.

O Hotel de Turismo era propriedade da Câmara que o encerrou em outubro de 2010 e, nos últimos dias do segundo governo de José Sócrates, em maio de 2011, assinou com o Turismo de Portugal a venda do imóvel pelo valor de três milhões e meio de euros, com a promessa por parte daquele instituto público de o requalificar e reabrir como unidade de quatro estrelas e escola de hotelaria até ao final do verão de 2013.

O governo da coligação PSD/CDS, saído das eleições que se realizariam duas semanas depois da assinatura do contrato, apenas acabou de pagar à autarquia o valor da compra (a última parcela entraria nos cofres do município no final de janeiro de 2012), mas afastou a possibilidade de cumprir o investimento, por parte do Estado, que fora anunciado na ordem dos 10 milhões de euros. Tinha, entretanto, o país entrado (já na data da assinatura do contrato) no programa de assistência financeira internacional.

Até ao final do mandato, em outubro de 2013, do executivo de maioria socialista que subscrevera o negócio, nunca a a Câmara da Guarda reclamou, por via administrativa ou judicial, o cumprimento do contrato nem acionou qualquer mecanismo de reversão da posse do imóvel.

A nova maioria, liderada por Álvaro Amaro, não chegou a considerar essa opção porque desde o primeiro momento anunciara que a estratégia da autarquia passaria pela entrega do hotel, fosse por venda ou por concessão, a um grupo privado que assegurasse a recuperação do edifício e assumisse a exploração hoteleira.

Foi já em março do corrente ano que o imóvel foi colocado à venda para esse fim, pelo preço de um milhão e setecentos mil euros, menos de metade do preço pago pelo Turismo de Portugal quatro anos antes. Um valor a que a Direcção-Geral do Tesouro e Finanças chegou após nova avaliação.

A hasta pública de 30 de abril ficou deserta e a fase seguinte consistiu no concurso para o arrendamento, com opção de compra, pelo prazo de trinta anos e em condições que permitirão afectar à actividade hoteleira apenas metade do edifício, podendo a restante ficar destinada a comércio, saúde ou fins relacionados com a hotelaria.

Foi neste processo que o grupo Visabeira acabou de ser escolhido para a negociação final, prevendo-se que a empresa com sede em Viseu possa tomar posse do hotel da Guarda no início de 2016, tendo depois até quatro anos para realizar as obras e o reabrir.

Isto a menos que o novo governo suspenda ou cancele todo o procedimento. Álvaro Amaro não afasta a hipótese de, por «mera luta política», os partidos que sustentam a nova maioria parlamentar tentarem que a concessão do Hotel de Turismo da Guarda a privados não se faça, mas questiona: «será que o Estado virou rico de um dia para o outro?».

O autarca duvida que qualquer membro do governo recuse «um negócio fechado para abrir um hotel com investimento privado de seis milhões de euros, criando emprego, numa cidade com a Guarda». A menos que a intenção seja «prejudicar a Guarda». Mas, nesse cenário, seria o próprio presidente da Câmara «a ir à luta»: «convidaria a população da Guarda para lhe explicar que com isto lá na mesa houve forças que o impediram». Amaro deixou, assim, o aviso prévio para o caso de a oposição no município – e agora maioria no governo – pensar em impedir o processo.

Este foi um dos muitos temas abordados na entrevista de Álvaro Amaro à Rádio Altitude, na qual fez uma prestação de contas do que vai de mandato.


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