O economista foi o convidado do grupo de estudos políticos numa conferência que teve como objetivo responder à pergunta: Portugal é um país viável se estiver acorrentado à dívida? Para Francisco Louça, que subscreveu o manifesto dos 74 a favor a reestruturação da dívida pública portuguesa, a resposta é óbvia “não é viável, não pode resultar, a não ser por uma forte recessão, mais grave do que aquela que conhecemos, nós ainda não chegamos a metade do caminho, as magníficas notícias que temos, são para um país que vai fazer a outra metade do caminho, que é o que propõe o tratado orçamental, por isso é que eu digo, se não fizermos a reestruturação da dívida, o próximo governo, se for composto pelas pessoas mais honestas, sérias, bondosas, amigas do ambiente e dos animais, se cumprir o tratado orçamental vai ser pior que o actual.”
Num país onde se fala pouco de soluções, o manifesto assinado a favor da reestruturação da dívida pública foi na opinião de Louçã, a solução “mais sólida e mais honesta que houve em Portugal nos últimos anos”. Uma “lufada de ar fresco” que se deve estender às faculdades de economia, onde é preciso adaptar os cursos à realidade “se ouvimos um telejornal e nos fala da dívida e de défice, podemos discuti-lo do ponto de vista teórico, mas porque é que não estudamos a crise de 2008 e de 2007? E porque é que não estudamos como é que funciona o mercado financeiro? Eu gostaria que, à parte de todas as cadeiras de teoria económica, matemática e estatística, tivéssemos também uma cadeira sobre desemprego, desigualdade social, pobreza, eu acho que há imenso que as faculdades podiam fazer”.
Uma opinião partilhada por Pedro Guedes Carvalho e que levou o diretor da faculdade de ciência sociais e humanas da UBI a lançar um desafio a Francisco Louçã “se nós organizarmos um workshop temático com estes temas tão transversais que falou, se aceitaria ser um dos conferencistas convidados, porque nós estávamos dispostos a organizar um workshop para os nossos alunos, os nossos professores, para durante o próximo ano lectivo conseguirmos realizar um workshop de uma semana com características inovadoras”. Com mais tempo para o ensino e investigação desde que abandonou a coordenação do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã mostrou-se disponível para participar na iniciativa da UBI.