O Governo pretende que as instituições de Ensino Superior apostem na internacionalização e com isso consigam atrair mais estudantes, docentes e investigadores estrangeiros. Para isso, vão ser disponibilizados fundos europeus para apoiar projetos que se relacionem com este objetivo. A ideia está presente no relatório “Uma estratégia para a Internacionalização do Ensino Superior Português”, apresentado na última semana, e que é elogiado por António Fidalgo.
“O ministério está de parabéns. Normalmente sou muito crítico, mas acho que neste momento estamos a encontrar uma estratégia”, considera o reitor da Universidade da Beira Interior (UBI), classificando o estudo coordenado por João Guerreiro como “muito bem feito”.
O documento propõe uma estratégia global “que vá além de medidas já tomadas isoladamente por certas instituições, com especial incidência na tónica do ensino, mas também considerando a investigação científica e a transferência de conhecimento para a sociedade e tecido económico”, de acordo com o Governo.
O relatório inclui 40 recomendações que deverão servir de base ao Plano de Ação para a Internacionalização do Ensino Superior. As medidas centram-se em quatro áreas: cooperação institucional e estratégica, mobilidade, promoção e governança.
Entre as várias medidas estão a definição de perfis de especialização para as academias e condicionamento dos apoios públicos à adequação dos projetos a desenvolver. Há também a sugestão de que seja multiplicada a oferta de unidades curriculares (1º Ciclo) e aumentado o número de mestrados e doutoramentos em língua inglesa.
“Reforçar a colaboração entre as representações consulares portuguesas, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e a entidade nacional de promoção da internacionalização do ensino superior, de forma a operacionalizar a ‘Via Verde’ para a atração de estudantes, professores e investigadores internacionais”, é outra das propostas, além de “criar um ‘Selo de Qualidade’, a atribuir às autarquias locais que se evidenciem na oferta de melhores condições de acolhimento para estudantes, professores e investigadores internacionais”. Tudo isto acompanhado de ações como a criação de programas de mobilidade para estudantes da Comunidade de Países de Língua oficial Portuguesa (CPLP) e de promoção específica do Ensino Superior nos vários continentes, entre outras.
O documento, que estará em discussão até final de outubro, é mais um passo depois da criação do Estatuto do Estudante Internacional, que aconteceu este ano, como recorda António Fidalgo. “O Ensino Superior é um serviço que Portugal pode exportar. É um bem de altíssimo valor acrescentado e que, portanto, nos vai trazer dividendos a médio e longo prazo. Jovens aqui formados voltam aos seus países e mantêm uma relação pessoal, comercial, em todos os sentidos, com a sociedade portuguesa”, conclui o reitor da UBI.
O plano foi apresentado na terça-feira, 23, pelo ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro, e do Ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato.