Ucrânia: "Esta foi uma história exemplar" afirma PR após receber 260 refugiados em Figo Maduro

“De imediato foi contactada a senhora ministra da Presidência, porque é o Governo que deve tratar dessas matérias, e a resposta do Governo foi inexcedível. Em conjunto com câmaras, a Câmara da Azambuja, a Câmara de Pinhel, também a Câmara de Lisboa”.

O Presidente da República recebeu hoje no aeródromo militar de Figo Maduro, em Lisboa, cerca de 260 refugiados ucranianos que chegaram num avião fretado, vindo de Lublin, no leste da Polónia.

“À sua maneira, esta foi uma história exemplar: tivemos a sociedade civil a tomar a iniciativa, tivemos o poder político a atuar em conjunto, com relevo naturalmente para o Governo, as câmaras municipais, o poder autárquico a atuar, a embaixada sempre presente, e o voluntariado a permitir esta operação”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, perante os jornalistas, após a chegada do avião.

Esta foi uma iniciativa de dois empresários, Roman Kurtysh, ucraniano residente em Portugal, e José Ângelo Neto, português, que criaram a associação Ukrainian Refugees UAPT, e que contou com apoios da companhia aérea Euroatlantic, da Galp e do Estado português.

Marcelo Rebelo de Sousa assinalou que a Ukrainian Refugees UAPT tenciona repetir esta iniciativa: “Espera-se dentro de dias ter uma outra idêntica, também por via aérea”.

Segundo o chefe de Estado, este “foi dos momentos em que se percebe que vale a pena fazer política” e “é o retrato de Portugal naquilo que tem sido a sua presença ao lado da Ucrânia” desde o início da invasão russa.

No aeródromo de trânsito n.º1 da Força Aérea Portuguesa estiveram também as ministras de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, e da Administração Interna, Francisca Van Dunem, e a embaixadora da Ucrânia em Portugal, Inna Ohnivets.

O Presidente da República relatou aos jornalistas que quando entraram no avião os refugiados ucranianos aplaudiram e agradeceram dizendo “obrigado, obrigado”. Os passageiros seguiram de autocarro para um pavilhão, sem contacto com a comunicação social.

“Isto é apenas um pequeno exemplo daquilo que está a percorrer o país e que mostra como todo o Portugal, as autoridades, mas sobretudo o povo português está com o povo ucraniano, está com o povo ucraniano lá e com o povo ucraniano cá”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado referiu que “no sábado passado à tarde apareceram em Belém o José Ângelo e o Roman Kurtysh, que disseram: nós temos com o apoio da Euroatlantic a hipótese de mandar 35 toneladas por avião de equipamento, alimentos e medicamentos, e trazer 267 pessoas, crianças, mulheres, jovens, mulheres jovens, e fazer isto de imediato, precisamos que seja declarado este voo humanitário”.

“De imediato foi contactada a senhora ministra da Presidência, porque é o Governo que deve tratar dessas matérias, e a resposta do Governo foi inexcedível. Em conjunto com câmaras, a Câmara da Azambuja, a Câmara de Pinhel, também a Câmara de Lisboa”, acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.

A ministra de Estado e da Presidência considerou que “é um dia muito feliz, foi um momento muito emocionante e um exemplo também da forma como a sociedade civil se está a organizar para acolher refugiados ucranianos, numa parceria muito intensa de 24 sobre 24 horas entre a sociedade civil, entre as organizações públicas, entre muitas empresas que se disponibilizaram a apoiar, e com as câmaras municipais”.

Mariana Vieira da Silva agradeceu a todos os envolvidos nesta iniciativa e realçou que “um conjunto muito alargado de serviços públicos” irão dar acompanhamento a estes ucranianos, da saúde à habitação, para que tenham “um acolhimento muito positivo e que dê oportunidades de vida imediatas”.

“Não é um trabalho curto, porque são muitas instituições que precisam de fazer o seu trabalho para podermos nos próximos meses assegurar uma integração completa destas pessoas, que hoje chegaram, na nossa sociedade, como, aliás, vem acontecendo há muitos anos a toda a comunidade ucraniana”, acrescentou a ministra.

A Federação Russa lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia, com invasão por tropas terrestres e bombardeamentos, que segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU) já causou mais de 500 mortos e provocou a fuga de 2,3 milhões de pessoas para fora do país.

O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a “operação militar especial” na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender e durará o tempo necessário.

A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou uma resolução, em 02 de março, que condena a agressão russa contra a Ucrânia e apela a um cessar-fogo efetivo e imediato, com 141 votos a favor, 5 votos contra e 35 abstenções.


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