Região Viseu Dão Lafões tem Manual de Identidade Alimentar

Manual Identidade

Este manual “vai permitir salvaguardar algumas variedades regionais que estão a desaparecer e daí a importância” do guia que “vai ajudar a recuperar as suas produções”.

A Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões tem disponível um Manual de Identidade Alimentar que coloca em destaque produtos endógenos da roda alimentar da dieta mediterrânica para ser usado quer em instituições públicas como restaurantes ou em casa.

“É um guia alimentar adaptado à realidade de Portugal, que segue a dieta mediterrânica, com base nos produtos endógenos dos 14 municípios da CIM Viseu Dão Lafões”, especificou uma das autoras, a nutricionista Ana Helena Pinto.

A par com Maria Inês Paula, também nutricionista, escreveram o manual que hoje foi apresentado em Vila Nova de Paiva e vai também aos restantes municípios para ser distribuído gratuitamente a responsáveis de escolas, IPSS “e a quem aparecer”.

Segundo Ana Helena Pinto, “se os princípios estabelecidos no manual forem seguidos, haverá mais saúde pública, mais coesão social, mais economia circular e mais vinculação cultural, que também é um aspeto muito importante”.

Ou seja, disse à agência Lusa, “hoje em dia as pessoas nem sabem o que estão a comer, nem de onde vêm os alimentos, há uma desvinculação dos produtos da terra e da sua cultura sazonal e este manual apresenta isso, literacia alimentar” da região.

“A região Viseu Dão Lafões é muito rica, porque há uma variedade grande de produtos, por exemplo, falamos da castanha, da maçã, da laranja ou do feijão, mas a verdade é que há vários tipos de maçã, castanha, feijão e laranja e esta região tem uma série de variedades desses e de outros produtos”, sublinhou.

Ana Helena Pinto destacou ainda que este manual “vai permitir salvaguardar algumas variedades regionais que estão a desaparecer e daí a importância” do guia que “vai ajudar a recuperar as suas produções”.

“São variedades que têm especificidades diferentes do resto do país e, por isso, é que têm uma identidade alimentar própria e depois também na forma como as pessoas os foram aproveitando quer na preservação quer nas técnicas de utilização na cozinha”, disse.

Com este manual, que “fica disponível a toda a comunidade”, está também a “fomentar-se a economia local e a agricultura e essa é uma responsabilidade de todos os consumidores, porque só se produz se houver procura”.

“Se houver quem adquira e quem promova a venda vai haver quem produza e essa é uma das missões do manual, a da criação de uma estratégia integrada para olhar para as necessidades da produção e facilitar a compra e venda” de produtos, apontou.

A nutricionista defendeu que “é preciso uma nova estratégica sistémica, é preciso olhar para o sistema alimentar territorial como um todo para se encontrarem soluções e para que o consumidor consiga encontrar o produto e o produtor o consiga produzir”.

Na apresentação do manual, o presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Paiva, Paulo Marques, disse que desde que assumiu funções, há dois anos, que “as cantinas escolares usam produtos preferencialmente locais”.

“Em dois anos mais do que duplicou o número de refeições nas escolas e isso é prova de que são boas e têm qualidade. Podemos mesmo compararmo-nos com qualquer município da região ou mesmo do país, porque sei a qualidade que as nossas cantinas têm e, nesse aspeto, adiantámo-nos à CIM”, sublinhou Paulo Marques.

O manual foi realizado pela CIM Viseu Dão Lafões em parceria com quatro associações de Desenvolvimento: do Dão (ADD), do Dão, Lafões e Alto Paiva (ADDLAP), Local (ADICES) e Rural Integrado das Serras de Montemuro, Arada e Gralheira (ADRIMAG).

Integram a CIM Viseu Dão Lafões os concelhos de Aguiar da Beira (distrito da Guarda), Carregal do Sal, Castro Daire, Mangualde, Nelas, Oliveira de Frades, Penalva do Castelo, São Pedro do Sul, Santa Comba Dão, Sátão, Tondela, Vila Nova de Paiva, Viseu e Vouzela (distrito de Viseu).


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