O presidente da Assembleia da República defendeu ontem que a política para o ensino superior deve ser conjugada com a política para as cidades de média dimensão, considerando que as instituições são fatores de desenvolvimento e de atração.
“Precisamos que a nossa política para o ensino superior se conjugue com a política para as cidades médias – [o que] implica ter muita atenção ao fluxo e à mobilidade das pessoas. Precisamos de pensar o nosso território e o que pode ser a coesão do território”, sublinhou Augusto Santos Silva durante a sessão comemorativa dos 44 anos do Instituto Politécnico da Guarda (IPG).
O vice-presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), Jorge Conde destacou a importância das instituições de ensino superior nas regiões onde estão sediadas.
“O ensino superior tem feito o papel de ser relevante nas localidades onde está. Hoje está em mais de 140 concelhos. É um papel que nem sempre – quer pelo poder local, quer pelo poder central – tem sido percecionado pela importância que tem”, apontou.
Apesar de tudo, o dirigente do CCISP, que também é presidente do Instituto Politécnico de Coimbra, considera que o momento “não é assim tão mau”.
“É mais ou menos opinião generalizada entre os politécnicos que os governos de António Costa foram seguramente dos melhores que o ensino superior teve e seguramente dos melhores para o ensino superior politécnico, porque foi o momento em que conseguimos muitas conquistas”, salientou Jorge Conde.
Aproveitando a presença do presidente da Assembleia da República, Jorge Conde realçou a “aprovação, há um ano, a possibilidade de os politécnicos poderem lecionar doutoramentos e de se poderem vir a transformar em universidades politécnicas”.
“Estes serão dois dos dados mais importantes para o ensino superior politécnico e para as regiões onde estamos”, sustentou.
O vice-presidente do CCISP deixou “uma mensagem de positividade” para se “aproveitar o momento que não se repetirá no futuro para criar um conjunto de armas para melhorar o ensino superior”.
O presidente do IPG, Joaquim Brigas, ressalvou “não ser tão positivo” quanto Jorge Conde e apontou duas limitações que o governo cessante está a colocar às instituições como ao Politécnico da Guarda.
O dirigente do IPG apontou a falta de uma nova residência para estudantes e os obstáculos levantados “de forma totalmente cega” à matrícula de novos estudantes estrangeiros.
O dirigente apela para que o próximo governo acabe com as atuais limitações à matrícula dos candidatos estrangeiros.
Joaquim Brigas defendeu que as instituições de ensino superior do Interior têm de ser “estimadas, alavancadas e promovidas”.
O presidente do Conselho Geral do IPG, Carlos Martins, também destacou o papel que o IPG tem vindo a desempenhar desde que foi criado em 1980 e que por isso surpreende que “frequentemente seja subestimado no debate sobre o despovoamento na região”.
O dirigente salientou que “os 14 municípios que compõem este distrito deveriam encarar o IPG não apenas como um parceiro estratégico, mas como um elemento essencial para atração populacional e dinamismos das estruturas empresariais”.
A presidente da Associação Académica da Guarda, Beatriz Silva, evidenciou, por seu lado, a necessidade de mais alojamento estudantil, lamentando que não tenha sido aprovada uma única residência para o IPG.
Defendeu ainda a melhoria da rede nacional de transportes públicos para a região.
Na cerimónia comemorativa do aniversário do IPG foram entregues diversos prémios e distinções, bem como certificados de mérito a colaboradores do IPG e alunos medalhados no âmbito do Desporto Universitário.