Penamacor e Sabugal vão ter cercados para acolher lince-ibérico na Malcata

Lince

O plano prevê que a reintrodução da espécie no campo seja complementada, a médio prazo, “pela natural expansão da espécie, a partir dos territórios de origem.

A Reserva Natural da Serra da Malcata, nos concelhos de Penamacor e do Sabugal, vai ter dois cercados para acolher linces-ibéricos de centros de reprodução e assim preparar uma futura reintrodução dos animais no campo.

Esta é uma das medidas decididas para “delinear um caminho de regresso do lince-ibérico à Serra da Malcata”, anunciou o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).

Na mesma nota, o organismo informa que os presidentes dos municípios de Penamacor, no distrito de Castelo Branco, e do Sabugal, no distrito da Guarda, estiveram reunidos, no dia 17, com a Direção-Regional de Conservação da Natureza e Florestas do Centro e a equipa do lince-ibérico do ICNF, para unirem “esforços para o regresso do lince-ibérico à Malcata”.

O plano prevê que a reintrodução da espécie no campo seja complementada, a médio prazo, “pela natural expansão da espécie, a partir dos territórios de origem, à medida que as áreas iniciais de reintrodução, quer em Portugal – Vale do Guadiana – quer em Espanha – Andaluzia, Castilla-La Mancha e Extremadura – fiquem saturadas com os jovens linces que todos os anos nascem em liberdade”.

A serra da Malcata é um dos territórios de “ocorrência histórica” da espécie em Portugal e foi incluída nas áreas de potencial reintrodução do lince-ibérico, ao abrigo do projeto LIFE Iberlince, mas não foi anteriormente escolhida devido à escassez de coelho-bravo aquando dos censos de 2012 e 2013.

O ICNF refere que, desde então, as duas autarquias, em parceria com outras entidades, promoveram iniciativas para aumentar a presença de coelho-bravo que vá ao encontro não apenas das necessidades de subsistência do lince-ibérico, mas também para tornar possível que fêmeas reprodutoras se estabeleçam neste território e, ao mesmo tempo, se garanta a sustentabilidade alimentar de outras espécies relevantes, como as aves de rapina.

Segundo o ICNF, além da presença do coelho-bravo, para se equacionar uma população selvagem de linces, são igualmente preponderantes e avaliados “outros fatores biofísicos e sociais da serra da Malcata”, que poderão ser melhorados, através de uma gestão ativa.

“O regresso do lince a qualquer território onde já existiu no passado será sempre um esforço conjunto, no qual ICNF, autarquias e outros participantes contribuirão com medidas e iniciativas delineadas de forma integrada, para que o caminho de regresso decorra sem sobressaltos e possa conduzir ao restabelecimento de uma população de lince-ibérico na serra da Malcata, também conhecida como Terras do Lince”, acrescenta o organismo, na nota hoje divulgada.

Segundo o censo divulgado anualmente pelo projeto European Life para a conservação do felino, em 17 de maio, a população de lince-ibérico atingiu os 2.021 exemplares em 2023 na Península Ibérica, quando no ano anterior era de 1.668,

Os dados mostram que em Portugal, no Vale do Guadiana, havia no ano passado 53 fêmeas reprodutoras, 100 crias e um total de 291 exemplares.

O lince foi considerado criticamente ameaçado no início do século, quando restavam uma centena de exemplares e apenas na Andaluzia.

Durante 2023, o projeto Lynxconnect libertou 34 linces nas áreas de reintrodução criadas em projetos Life anteriores e em pontos selecionados.


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