“Magusto da Velha” revivido no dia a seguir ao Natal em Aldeia Viçosa

O tradicional “Magusto da Velha”, que remonta ao século XVII, vai ser revivido no dia a seguir ao Natal em Aldeia Viçosa, na Guarda, por iniciativa da Junta de Freguesia, que oferece castanhas e vinho aos participantes.

A tradição natalícia teve origem numa doação feita por uma mulher abastada, cujo nome se desconhece, para que os habitantes daquela localidade pudessem comer castanhas e beber vinho uma vez por ano.

A iniciativa, que anualmente é promovida pela Junta de Freguesia de Aldeia Viçosa, inclui atividades de animação de rua, degustação de pão torrado com azeite e o lançamento de castanhas do cimo da torre da igreja.

“A História obriga-nos a repetir todos os anos esta tradição. É uma tradição já secular e é com grande alegria que ano após ano vamos revivendo esta tradição”, disse à agência Lusa o autarca Luís Prata.

Segundo o responsável, a traição irá manter-se com “muito vinho”, “muita castanha” e “muita alegria”, vaticinando que “vai ser mais um bom dia de ‘Magusto da Velha’”.

Tal como em anos anteriores, a organização distribuirá pelos participantes mais de 100 quilos de castanhas e cerca de 100 litros de vinho.

Segundo Luís Prata, as atividades começam pelas 14 horas do dia 26 e do programa destaca-se o lançamento de castanhas da torre da igreja e as tradicionais “cavaladas”, que ocorrem quando as pessoas se baixam para apanharem as castanhas do chão e os mais novos saltam para cima das suas costas, arrancando muitas gargalhadas à assistência.

O presidente da Junta de Freguesia de Aldeia Viçosa vaticina que naquele dia a localidade acolherá muitos visitantes, uma vez que o evento anual costuma receber pessoas de vários pontos da região e do país, pois são “cada vez mais” as entidades turísticas que promovem a iniciativa.

O costume tem origem numa herança feita em 1698 aos habitantes daquela localidade do Vale do Mondego, situada a cerca de 15 quilómetros da cidade da Guarda, por uma mulher abastada que ficou conhecida na terra por ‘velha’, por o seu nome ser desconhecido.

A tradição indica que a ‘velha’ quis que os residentes comessem castanhas e bebessem vinho uma vez por ano e, em troca, rezassem um pai-nosso pela sua alma.

“Estamos a reviver um gesto benemérito que alguém fez, numa altura de muita fome, de muita pobreza, que deu de comer e de beber ao povo de Aldeia Viçosa”, disse Luís Prata.

A herança é mencionada no “Livro de Usos e Costumes da Igreja do Lugar de Porco – Ano de 1698” e, ainda hoje, a Junta de Freguesia recebe anualmente uma renda perpétua de 48 cêntimos de euro, que é depositada na sua conta bancária pelo Instituto de Gestão do Crédito Público.

 


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