A Infraestruturas de Portugal (IP) vai investir nos próximos dois anos 510 mil euros em três veículos para o Centro de Limpeza de Neve da Serra da Estrela, informou ontem o diretor do Centro e Norte, Francisco Miranda.
O responsável do Centro Operacional Centro e Norte da IP anunciou, durante a Assembleia Municipal da Covilhã, sessão em que participou para debater as acessibilidades à serra da Estrela, que para 2025 está prevista a aquisição de dois limpa-neves e para 2026 de uma retroescavadora.
Segundo Francisco Miranda, atualmente as duas instalações, nos Piornos e no Sabugueiro, onde está a ser desenvolvido “um ótimo trabalho”, dispõem, além de 18 colaboradores, de nove limpa-neves, três rotativas, uma máquina giratória, uma retroescavadora e quatro viaturas de apoio.
O responsável disse sentir na opinião pública incompreensão sobre o trabalho feito na serra da Estrela e sobre os pareceres técnicos dados à GNR a propósito do encerramento de estradas, mas acrescentou que a prioridade é a segurança das pessoas e salientou a “ausência de mortos” e o reduzido número de feridos” registados.
“Da segurança, nós não abdicamos”, vincou o diretor do Centro e Norte da IP.
Francisco Miranda alertou para as especificidades da Estrada Nacional 339, ao contrário de outras montanhas, que sobe até ao topo não apenas para lazer.
O responsável aludiu à proximidade da serra da Estrela ao mar, a menos de cem quilómetros em linha reta, e à inexistência de “qualquer barreira que salvaguarde dos ventos húmidos e ciclónicos do oceano”.
Francisco Miranda mencionou também a neve com um grau de densidade elevado, que dificulta a sua remoção e gela facilmente, os ventos frequentes na ordem dos cem quilómetros por hora, a acumulação significativa de neve e o vento e temperaturas baixas, que levam a que, logo após a passagem dos carros de limpeza, a neve seja arrastada novamente para a estrada e crie de imediato uma película de gelo na via.
O diretor da IP, organismo que gere as estradas de Portugal, referiu ainda que “a maioria dos condutores não tem correntes de neve ou não as sabe utilizar”, além da frequente falta de visibilidade na serra, devido ao nevoeiro, das mudanças bruscas do tempo, que não permitem deixar os carros subirem ao planalto superior sem a garantia de que depois as conseguem tirar de lá em segurança.
Francisco Miranda fez uma comparação com montanhas no estrangeiro onde existem estâncias de esqui, para concluir que as condições na serra da Estrela são singulares.
“Não encontrei uma realidade idêntica lá fora”, afirmou o responsável.